22ª Festa Literária de Paraty: Evento termina com público reduzido, mas com programação diversificada e vendas recordes de livros.

A 22ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) encerrou no último domingo, 13, deixando a sensação de um evento que está em constante evolução. Comparada à edição caótica do ano anterior, que sofreu até com um apagão, este ano o clima foi mais ameno, porém as ruas da cidade histórica não estavam tão cheias quanto em anos anteriores.

Com um público estimado entre 27 e 30 mil pessoas nos cinco dias de evento, a Flip, que tradicionalmente acontecia em julho, teve suas últimas edições realizadas em novembro, após dois anos de forma virtual por conta da pandemia. Para 2025, a organização estuda a possibilidade de realizar o evento em agosto, dependendo das negociações com os patrocinadores.

Durante a festa, as amigas Yone Rodrigues, 69 anos, e Terê Fátima, 68 anos, frequentadoras assíduas da Flip há oito anos, notaram uma diminuição no público em relação aos anos anteriores, mas destacaram a maior diversidade e abertura do evento. Segundo elas, a festa era dominada por um público mais elitizado no passado, porém ao longo do tempo passou a incluir pessoas de diferentes origens.

Na edição deste ano, destacou-se a presença de grandes nomes da literatura, como o francês Édouard Louis, autor de “O Fim de Eddy”, e a conversa entre os escritores brasileiro Jeferson Tenório e o senegalês Mohamed Mbougar Sarr. Além disso, a programação da Flip abordou questões contemporâneas e trouxe debates sobre a escrita e a literatura como forma de resistência.

Por outro lado, alguns desafios foram enfrentados durante o evento, como a falta de participação de grandes nomes internacionais, problemas na tradução simultânea em algumas mesas e a dificuldade de acesso às mesas devido aos altos preços dos ingressos. No entanto, a organização buscou aproximar o público dos autores, permitindo o envio de perguntas através do telão do lado de fora e registrando um aumento na audiência das transmissões ao vivo no YouTube.

Na parte dedicada às editoras independentes, houve reclamações sobre a organização do espaço e a falta de visibilidade dos expositores. Apesar disso, a Off-Flip ofereceu uma alternativa para que autores menos conhecidos pudessem compartilhar sua obra com o público presente.

Ao final da festa, a Livraria da Travessa divulgou os livros mais vendidos, com destaque para obras de João do Rio, homenageado da edição, e outros autores como Édouard Louis, Mohamed Mbougar Sarr e Han Kang. Com a diversidade de temas e a presença de renomados escritores, a 22ª edição da Flip deixa a expectativa de uma festa literária cada vez mais inclusiva e relevante para o cenário cultural do país.

No entanto, ainda há desafios a serem superados para garantir a participação e o acesso de todos os interessados na literatura e no debate de ideias promovido pela Flip.

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