Essa história não é única. Muitas mulheres, em certo momento de suas vidas, deliberadamente passam por períodos de fome, seja através de dietas restritivas, estadias em spas ou cirurgias para redução de peso. O padrão de beleza imposto pela sociedade pode levar as pessoas a extremos, como o ato de vomitar após se alimentar, relatado por uma colega de trabalho.
A autora, já adulta, teve seu primeiro contato com outra forma de fome ao ler o livro de Carolina Maria de Jesus. A escritora descrevia sua realidade de extrema pobreza e fome, contrastando com a fome voluntária das mulheres que a autora conhecia. A partir dessa reflexão, a autora passou a pensar novamente em calorias e emagrecimento para lidar com as oscilações hormonais.
Ao parar em um farol, a autora se deparou com uma mulher segurando um cartaz com a palavra “fome”. Enquanto buscava por um trocado em sua bolsa, ela refletia sobre as milhões de pessoas que sofrem com a fome em São Paulo e a insegurança alimentar na cidade. Essa dualidade entre a fome real e a fome imposta pela busca por um padrão estético perfeito revela as profundas desigualdades sociais existentes.
No final, a autora não tinha dinheiro para dar à mulher que pedia ajuda no farol, simbolizando o distanciamento e a indiferença de muitos diante da fome que assola milhões de pessoas. A reflexão final questiona até quando essa dualidade entre fomes será perpetuada e reforça a importância de olhar para além de nosso próprio umbigo.