A tragédia ocorreu em Santa Maria, cidade universitária localizada na região central do Rio Grande do Sul. O incêndio se deu na madrugada de 27 de janeiro de 2013 e chocou não apenas os moradores da cidade, mas também todo o país. A idade média das vítimas era de apenas 23 anos.
Os réus que serão julgados pela segunda vez são Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da boate, Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão, auxiliar de palco.
A tragédia completou dez anos recentemente sem que nenhuma pessoa fosse responsabilizada pela Justiça. O julgamento original, finalizado em dezembro de 2021, foi o mais longo da história do Judiciário gaúcho, durando nove anos. No entanto, em agosto de 2022, por 2 votos a 1, os desembargadores do Tribunal de Justiça gaúcho anularam o júri e as condenações, resultando na liberdade dos réus. As penas anteriores variavam entre 18 e 22 anos de prisão.
O Ministério Público recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a anulação, mas a 6ª turma da corte manteve a decisão por 4 votos a 1. Entre os argumentos apresentados para anulação estavam uma reunião reservada entre o juiz e os jurados sem a presença das defesas ou do Ministério Público, além do sorteio dos jurados realizado fora do prazo previsto pelo Código de Processo Penal.
O incêndio foi causado por uma série de falhas e irregularidades, como o uso de espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso nas paredes e teto da boate, a superlotação do estabelecimento, a falta de treinamento dos funcionários e a ausência de extintores e sinalização adequada de saída de incêndio. Além disso, os fogos de artifício utilizados pela banda Gurizada Fandangueira contribuíram para a propagação das chamas.
Ainda neste ano, por ocasião dos dez anos da tragédia, o incêndio voltou ao noticiário com o lançamento de duas séries de TV sobre o caso. Apesar de a tenda com as fotos das vítimas, que ficou instalada por 10 anos na praça Saldanha Marinho, ter sido desmontada em julho, as famílias das vítimas continuam a fazer manifestações mensalmente no local.