O autor vai além ao questionar se a rejeição da comunidade à artista não estaria também contribuindo para um contexto mais amplo de desumanização. Abdurraqib ressalta a complexidade das questões raciais nos Estados Unidos, destacando a dificuldade de provar a negritude dentro de diversos contextos identitários. O autor aborda a problemática de ser negro nos EUA, destacando os desafios de estar sempre além ou aquém das expectativas sociais.
“Um Pequeno Demônio na América” se destaca por abordar questões raciais complexas e desafiadoras, sem oferecer soluções simplistas. A obra transita entre crônica cultural, reflexão crítica e relatos confessionais corajosos, explorando temas da cultura pop americana com profundidade. Abdurraqib resgata a memória negra, trazendo à tona personagens quase esquecidos e ressignificando narrativas estabelecidas.
O livro também aborda figuras conhecidas da cultura negra, explorando suas contradições e fissuras em vez de seguir narrativas previsíveis de superação. A melancolia presente na obra reflete a impossibilidade fundamental da existência negra na sociedade americana, sem perspectivas iminentes de transformação. No entanto, essa melancolia não se traduz em impotência, mas sim na busca por estratégias de resistência e resiliência.
Abdurraqib proporciona aos leitores uma reflexão profunda sobre a cultura negra e suas complexidades, iluminando aspectos que escapam às narrativas convencionais. A obra é um convite à dança, ao movimento e à busca de conexões espirituais em meio ao luto e à adversidade, mostrando que mesmo diante das derrotas acumuladas, há espaço para a expressão, a resistência e a esperança de dias melhores.