Dirigido e estrelado por Cláudio Cunha (1946-2015), o longa-metragem traz a história de um diretor de teatro que busca encenar uma peça ousada e desinibida. Este filme faz parte de um período no qual as produções com humor sexualizado, quase ingênuas, se radicalizaram, aproveitando a flexibilização da censura e da repressão política e moral.
O termo “Rebuceteio” é associado a uma prática da comunidade lésbica na qual as mulheres se relacionam com amigas e ex-parceiras de amigas. No contexto do filme, está ligado a sessões de sexo grupal entre homens e mulheres, também significando uma grande confusão.
A trama se desenrola principalmente em um teatro, o Procópio Ferreira, onde se passa grande parte da história. Cláudio Cunha interpreta o diretor Nenê Garcia, um indivíduo enlouquecido em busca da máxima espontaneidade dos atores. A protagonista, Letícia, é interpretada por Eleni Bandettini. A trilha sonora original é assinada por Zé Rodrix e Miguel Paiva.
Apesar do teor altamente pornográfico, “Oh! Rebuceteio” possui um caráter experimental e bem-humorado, abordando temas como metalinguagem, exposição sexual e conflitos familiares. O filme de Cunha pode ser considerado um dos melhores do gênero, comparável a obras como “Garganta Profunda”, “O Império dos Sentidos” e “Calígula”.
Ao longo de sua carreira, Cláudio Cunha dirigiu várias produções, como “O Clube dos Infiéis”, “Amada Amante”, “Sábado Alucinante” e “Vítimas do Prazer”, consagrando-se também no papel principal de “O Analista de Bagé”. Sua marca registrada é interpretar o mesmo personagem por mais tempo do que qualquer outro ator.
“Oh! Rebuceteio” representa uma mudança de paradigma e uma crise no cinema paulista, que, a partir de 1981, com “Coisas Eróticas” de Raffaele Rossi, embarcou no terreno do sexo explícito. O filme é uma celebração da liberdade criativa e da quebra de tabus, sendo resgatado em 2012 em uma mostra de filmes da Boca do Lixo no festival de Roterdã, na Holanda.
A obra será exibida em um evento especial no bar-museu Soberano, localizado na rua do Triunfo, 155, no próximo dia 11 às 20 horas, proporcionando aos interessados uma oportunidade de revisitar esse marco do cinema nacional.