Crianças brasileiras enfrentam cinco vezes mais dias extremamente quentes do que há 50 anos, aponta relatório do Unicef

As crianças brasileiras estão enfrentando uma realidade preocupante: de acordo com um relatório divulgado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o número de dias extremamente quentes que as crianças enfrentam aumentou drasticamente nas últimas décadas. Em comparação com crianças de 50 anos atrás, as crianças de hoje enfrentam em média cinco vezes mais dias com temperaturas acima de 35°C.

Segundo o relatório, no Brasil, a média de dias com altas temperaturas passou de 4,9 nos anos 1970 para 26,6 entre 2020 e 2024. Isso significa que 33 milhões de crianças brasileiras estão sendo mais afetadas pelas mudanças climáticas. Com um total de 48,7 milhões de crianças e adolescentes até 18 anos no país, a preocupação com os impactos do calor extremo é alarmante.

Além do aumento das altas temperaturas, o relatório também destaca as consequências das ondas de calor, que são períodos com temperaturas muito acima da média local. Cerca de 31,5 milhões de crianças enfrentam duas vezes mais ondas de calor do que seus pais ou avós enfrentaram na década de 1970.

Os efeitos do calor extremo na saúde das crianças são preocupantes. O estresse térmico pode causar dores de cabeça, mal-estar e afetar a capacidade do corpo humano de funcionar adequadamente. Especialistas alertam que o estresse térmico é uma das principais causas de mortalidade relacionada ao calor, podendo trazer complicações na gravidez, como partos prematuros e doenças crônicas gestacionais.

Além dos impactos na saúde, as mudanças climáticas também podem influenciar na propagação de doenças infecciosas, favorecendo a disseminação de doenças como malária, dengue e leishmaniose. O aumento das temperaturas elevadas também pode prejudicar o aprendizado de crianças e adolescentes, interferindo na capacidade de retenção de conhecimento.

Diante desse cenário preocupante, o Unicef alerta para a importância de os gestores municipais se comprometerem a preparar as cidades para lidar com as mudanças climáticas, com foco nas necessidades e vulnerabilidades das crianças e adolescentes. Ações imediatas, como reforçar a comunicação sobre os sinais de estresse térmico e garantir uma infraestrutura de saúde adequada, são essenciais para proteger a população mais vulnerável.

O debate sobre a crise climática e suas consequências para as crianças e adolescentes precisa ser ampliado. Os eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e é fundamental que as políticas públicas levem em consideração esses desafios. Os futuros prefeitos devem priorizar a criação de áreas verdes, adaptação dos prédios públicos e mudanças nos protocolos das escolas para garantir o bem-estar das crianças em meio às mudanças climáticas cada vez mais presentes.

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