Brasileiros missionários evangelizam em países muçulmanos: por que tantos embarcam nesse movimento clandestino?

A renomada escritora brasileira esteve presente no lançamento de seu primeiro livro em inglês no Teatro Martin E. Segal, na Universidade da Cidade de Nova York, e concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio França Internacional. Durante a conversa, ela compartilhou insights sobre o crescimento exponencial do número de missionários brasileiros tanto no Brasil quanto no exterior.

Segundo a autora, um movimento pouco divulgado tem ganhado força nos últimos anos: famílias brasileiras estão se deslocando de maneira clandestina para países de maioria muçulmana, como Afeganistão, Iraque e Síria, com o intuito de propagar a fé cristã entre essas comunidades. O encontro com um casal brasileiro proprietário de uma pizzaria em Cabul despertou suspeitas na experiente repórter, que inicialmente cogitou a possibilidade de que eles fossem mercenários ou traficantes. No entanto, logo se tornou evidente que a missão da família era difundir os ensinamentos cristãos em regiões de difícil acesso.

Apesar da forte tradição católica no Brasil, o país figura como o segundo maior exportador de missionários evangélicos para o exterior. Esse crescimento tem raízes no movimento pentecostal, que se disseminou inicialmente pela América Latina com a crença de que a mensagem divina estava sendo deturpada pela Igreja Católica. A autora detalha como os pentecostais passaram a traduzir a Bíblia para diferentes idiomas com o objetivo de compartilhar a palavra de Deus de forma autêntica.

O pentecostalismo encontrou receptividade na América Latina devido à diversidade de influências culturais e religiosas na região, tornando-se particularmente atrativo para comunidades carentes. A mensagem de igualdade pregada pela doutrina pentecostal, que destaca a ausência de hierarquia na igreja e a acessibilidade do Espírito Santo a todos os fiéis, ressoou especialmente no Brasil.

A expansão desse movimento levou os líderes a reconsiderarem o envio de missionários americanos para regiões de conflito, optando por latino-americanos como alternativa mais segura. A presença de brasileiros e outros latino-americanos em missões evangelísticas em locais desafiadores como o Afeganistão evidencia a influência e o alcance do movimento evangélico no Sul Global.

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