Estudo da UFF aponta falhas em preservação de locais de confronto na Operação Escudo na Baixada Santista, revela pesquisa do Geni.

Em recente estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisadores do Geni (Grupo de Estudo dos Novos Ilegalismos) analisaram documentos referentes a 28 mortes ocorridas na Baixada Santista durante a operação Escudo, realizada pela gestão de Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos. Os resultados apontam que em boa parte desses casos, os locais onde aconteceram os supostos confrontos não foram preservados para a realização da perícia, levantando questionamentos sobre a transparência e imparcialidade desses procedimentos.

De acordo com a pesquisa, em apenas 11 casos a cena do crime havia sido preservada corretamente para a atuação dos peritos, enquanto em outros nove não houve o isolamento adequado do local. Entre as justificativas apresentadas pelos policiais para essa falta de preservação estão: “área de risco”, “condições climáticas” e “dificuldade de isolamento da área”. A pesquisadora Luciana Fernandes, do Geni, destaca que a ausência de preservação dos locais compromete a reconstrução imparcial dos eventos, resultando em investigações menos contundentes.

É importante ressaltar que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que todas as mortes durante a operação são rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário, incluindo a realização de exames periciais fundamentais para esclarecer os acontecimentos. No entanto, o estudo aponta que em 10 dos 20 casos analisados, os corpos foram removidos do local dos confrontos, sendo que em 9 situações as vítimas chegaram às unidades de atendimento já sem vida.

Além disso, a pesquisa revela que as vítimas da operação Escudo tinham um perfil semelhante ao de outras vítimas da violência policial, predominantemente jovens, negros, pobres e moradores de favelas. A palavra dos policiais foi considerada como principal fio condutor das investigações, deixando de lado outros elementos como depoimentos de familiares, o que levanta questionamentos sobre a imparcialidade das apurações.

Diante das denúncias de execuções, invasões de residências e torturas durante a operação, a SSP enfatiza que todas as mortes estão sendo investigadas com isenção e que não há indícios de prática de tortura nos laudos periciais. A ação foi justificada como uma medida de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado na região, resultando na prisão de lideranças criminosas e na apreensão de armas e drogas.

Em meio às controversas investigações e denúncias, a operação Escudo levanta questionamentos sobre a atuação policial, a transparência nas investigações e a necessidade de garantir a imparcialidade e o respeito aos direitos humanos em ações de segurança pública. Este caso reforça a importância do controle e fiscalização das forças policiais, visando promover a justiça e a proteção dos cidadãos.

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