De acordo com o estudo, a maioria dos créditos de carbono analisados não teve um impacto positivo no clima e subestimou os riscos de desmatamento em outras áreas. Além disso, alguns projetos não ofereceriam garantias de segurança para as comunidades locais vulneráveis, chegando até mesmo a deslocá-las de seus territórios.
O mercado de carbono é visto como uma solução viável para conter as mudanças climáticas e a destruição da biodiversidade. Empresas utilizam os créditos de carbono para neutralizar suas emissões, investindo em projetos de preservação florestal em regiões ameaçadas como a Amazônia e a Bacia do Congo. No entanto, o estudo aponta que apenas 1 em cada 13 créditos de carbono representa uma redução real de emissões, tornando a medida inócua.
Os pesquisadores destacaram problemas de qualidade e metodologia nos critérios de avaliação dos créditos de carbono da Verra. As estimativas de desmatamento, por exemplo, apresentaram uma variação de até 1.400% entre as maiores e menores estimativas, o que permite a manipulação do sistema por parte dos responsáveis pelos projetos.
Além disso, o estudo argumenta que não é possível compensar as emissões de carbono resultantes da exploração de combustíveis fósseis por meio da captura de carbono pelas florestas, já que isso demandaria séculos, até mesmo milênios, de sequestro e armazenamento de gases. O estudo salienta que as florestas sob risco iminente de desmatamento não podem cumprir esse papel.
A Verra, responsável pela certificação dos créditos de carbono, afirmou que os problemas apontados pelos pesquisadores serão contemplados na nova metodologia em estudo há dois anos e que será publicada em breve. Os pesquisadores recomendam que governos e empresas se concentrem em prevenir as causas do desmatamento, como a demanda por alimentos e combustíveis por parte de países industrializados.
O estudo também sugere que os recursos destinados à compra de créditos de carbono sejam investidos em projetos de conservação de florestas conduzidos por comunidades tradicionais e indígenas. Os pesquisadores defendem ainda o alívio da dívida de países em desenvolvimento e o financiamento justo para proteção climática, além da redução da dependência de combustíveis fósseis.