Filósofa Marilena Chauí critica religião evangélica e aponta desafios da atualidade em palestra na USP

Em um recente evento na Universidade de São Paulo (USP), a renomada filósofa Marilena Chauí fez uma reflexão interessante sobre a religião evangélica. Durante o 5º Encontro de Pós-Graduação em Filosofia, Chauí compartilhou sua inquietação em relação a um pequeno gesto cotidiano: ao descer de um Uber, o motorista, que ela identificou como pentecostal e fundamentalista, lhe desejou “fica com Deus”.

Essa simples frase gerou uma profunda reflexão em Chauí, que expressou sua agonia com a ideia de receber desejos religiosos de um desconhecido. Para ela, esse gesto simples demonstra a penetração do cristianismo evangélico em todas as esferas sociais, dos trabalhadores de aplicativos aos CEOs.

Durante a palestra, Chauí discutiu seu livro “A Patrística: Uma Introdução ao Nascimento da Filosofia Cristã”, que aborda a disseminação do cristianismo no período da Patrística, entre os primeiros e oitavos séculos depois de Cristo. Ela comparou a versatilidade do cristianismo na antiguidade e na atualidade, destacando como a religião se adaptou e se espalhou por várias camadas da sociedade.

De forma irreverente, a filósofa também analisou a instituição da Santa Ceia, fazendo piadas sobre as palavras de Jesus e os gestos associados a esse ritual. No entanto, sua abordagem recebeu críticas por sua aversão à religião cristã e sua falta de atualização bibliográfica em seu trabalho.

Apesar das polêmicas levantadas por Chauí, é importante ressaltar a importância do debate acadêmico sobre temas religiosos, independentemente das crenças pessoais dos pesquisadores. A integração da inteligência e da fé, como era evidenciado na Patrística, ainda é um desafio para a sociedade contemporânea, que busca conciliar conhecimento científico com convicções espirituais.

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