Coalizão de entidades da sociedade civil pressiona governo por medidas ambientais no sistema financeiro brasileiro.

Onze entidades da sociedade civil, entre organizações não-governamentais (ONGs) de defesa ambiental e associações empresariais de diversos setores, uniram forças e enviaram uma nota conjunta aos ministérios do Meio Ambiente, da Fazenda, das Relações Institucionais e outras seis pastas. O objetivo é solicitar a implementação de medidas que ajustem a atuação do sistema financeiro brasileiro às necessidades de proteção ambiental. Segundo as entidades, a falta desse alinhamento permite que empresas com práticas prejudiciais ao meio ambiente continuem recebendo financiamento de bancos e fundos de investimento.

A iniciativa de acionar o governo partiu da diretora executiva e técnica da Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), Luciane Moessa. Ela ressaltou a ausência de ferramentas nos quatro reguladores financeiros do país (Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários, Superintendência de Seguros Privados e Superintendência Nacional de Previdência Complementar) para evitar brechas no cumprimento das normas ambientais.

Luciane Moessa explicou que essas lacunas já resultaram em consequências graves para a população, como os desastres ambientais causados por operações irregulares, a exemplo do afundamento das minas da Braskem em Maceió e o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, após anos de investimentos maciços nessas empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

Além disso, mesmo empresas fora da B3 têm suas operações financeiras autorizadas pelos órgãos reguladores, o que acaba financiando práticas comerciais insustentáveis, como a entrada de ouro proveniente de garimpos nos sistemas bancários. A diretora da SIS também apontou a necessidade de preenchimento de lacunas nos órgãos reguladores em relação à produção rural, destacando a importância de verificar se uma área está embargada por desmatamento antes de conceder empréstimos.

Para buscar soluções, as entidades propuseram uma reunião entre governo, entidades da sociedade civil e reguladores financeiros para trabalhar em conjunto em soluções para essas lacunas. A diretora ressaltou a importância do setor financeiro em compreender os riscos socioambientais e a necessidade de alinhar as práticas financeiras com a legislação ambiental. Assim, o trabalho em conjunto pode contribuir para uma economia mais sustentável e responsável.

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