Justiça Federal determina prazos para União e Iphan apresentarem cronograma de obras no Sítio Arqueológico do Cais do Valongo

A Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou que a União e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentem um cronograma de trabalho, plano de gestão e relatórios sobre as obras em andamento no Sítio Arqueológico do Cais do Valongo. A decisão foi proferida nesta quarta-feira (21) e estabeleceu prazos para a entrega desses documentos. A Justiça exigiu que o cronograma de trabalho seja apresentado em 30 dias, enquanto o plano de gestão deve ser entregue em 120 dias.

O plano de gestão requerido pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco deve ser elaborado e aprovado pelo Comitê Gestor do Sítio Arqueológico e incluir medidas estruturais para o planejamento, implementação e monitoramento da gestão do local. Além disso, a decisão determina que a União e o Iphan divulguem relatórios anuais à sociedade, informando os resultados alcançados em relação às ações previstas no plano de gestão, durante um período de cinco anos.

Caso os prazos estabelecidos não sejam cumpridos, a Justiça prevê a aplicação de multa diária de R$ 1 mil, limitada a um máximo de R$ 5 milhões, a ser recolhida ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos. O Cais do Valongo, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, foi reconhecido como o maior porto escravagista da História, onde entre 500 mil e 1 milhão de africanos escravizados desembarcaram para serem transferidos para diferentes regiões do Brasil.

O documento ressalta que quase um quarto de todos os africanos escravizados nas Américas foram trazidos para o Brasil, e cerca de 60% deles entraram no país pelo Rio de Janeiro. O local do Cais do Valongo foi revelado em escavações arqueológicas iniciadas em 2011, durante as obras para os Jogos Olímpicos de 2016, e foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco em 2017.

A decisão judicial é resultado de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Defensoria Pública da União e pelo Município do Rio de Janeiro. A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Iphan foram procurados pela Agência Brasil para comentar a decisão. A importância da preservação da memória histórica e da honra às vítimas da escravidão foi destacada na sentença, que ressaltou a necessidade de criar um espaço educacional e de justiça social no local do Cais do Valongo.

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