Moradores protestam contra loteamento e corte de árvores no Bosque dos Salesianos, zona oeste de São Paulo, em passeata pela preservação

Na tarde desta quarta-feira (21), um grupo de moradores da Lapa, zona oeste de São Paulo, se reuniu para protestar contra o loteamento e o corte de árvores no Bosque dos Salesianos. O terreno, que pertencia ao Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal), foi vendido por aproximadamente R$ 95 milhões para a incorporadora Tegra no início de maio.

Os moradores, liderados por Leonardo Merigue, expressaram sua indignação em relação à decisão dos Salesianos. Manifestando-se com cartazes e entoando o grito de “salve o bosque”, cerca de 20 pessoas participaram da passeata pelas ruas do bairro. Além disso, um abaixo-assinado online com mais de 11 mil assinaturas foi organizado pelo grupo.

A área vendida para a incorporadora compreende uma extensa área de jardim com árvores que chegam a ultrapassar os 30 metros de altura. Enquanto o prédio do seminário continua sob posse dos salesianos, a Tegra afirma que está em conformidade com a legislação, seguindo o programa de compensação ambiental determinado pelos órgãos competentes.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), emitiu um Alvará de Execução de Edificação Nova para o empreendimento, mas há um pedido pendente para manejo arbóreo que aguarda análise técnica para emissão do Termo de Compensação Ambiental.

Os moradores baseiam seu movimento de resistência no decreto 30.443 de 1989, que considera o Bosque Salesiano como patrimônio ambiental, tornando diversas árvores imunes ao corte. No entanto, uma atualização do decreto em 1994 permite que a autoridade ambiental do município decida sobre a supressão de árvores.

O professor da ECA-USP, André Chaves de Melo, que lidera o movimento, destaca a importância de preservar o bosque em meio à crescente verticalização da cidade de São Paulo. O grupo busca diálogo com os salesianos, a prefeitura e a Tegra, além de ter encaminhado uma denúncia ao Ministério Público, que ainda está em análise.

A incorporadora Tegra afirmou, em nota, que seu projeto segue a legislação vigente e preza pelo respeito ao meio ambiente e à comunidade local. A empresa também destacou que nenhuma atividade foi iniciada no terreno do bosque até o momento.

O Bosque dos Salesianos, adquirido pela instituição em 1937, faz parte da história local e é motivo de preocupação para os moradores que lutam pela sua preservação em meio às transformações urbanas da região. O diálogo entre as partes envolvidas ainda não foi efetivamente estabelecido, mas o movimento dos moradores segue em busca de soluções para evitar o desmatamento do bosque tão querido pela comunidade da Lapa.

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