Relatório do CNJ revela gestão caótica e possíveis irregularidades na Lava Jato, investigação contra juízes e procuradores pode ser aberta

Um relatório parcial de inspeção realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelou indícios de “gestão caótica” no controle dos valores provenientes de acordos de delação e leniência firmados na Operação Lava Jato. A investigação se concentrou na 13ª Vara Federal em Curitiba, comandada anteriormente pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (Pode-PR), e teve início em maio deste ano.

De acordo com o documento, os acordos eram homologados sem o cumprimento de todas as exigências necessárias, como a apresentação completa das circunstâncias da celebração e as discussões realizadas entre as partes envolvidas. Além disso, os servidores responsáveis pela investigação afirmaram que os acordos poderiam viabilizar o repasse de R$ 2,5 bilhões de recursos desviados da Petrobras para a criação da Fundação Lava Jato, gerida pela própria força-tarefa da operação, liderada pelo ex-procurador Deltan Dallagnol.

Segundo o relatório, “verificou-se a existência de um possível conluio envolvendo os diversos operadores do sistema de justiça, no sentido de destinar valores e recursos no Brasil, para permitir que a Petrobras pagasse acordos no exterior que retornariam para interesse exclusivo da força-tarefa”.

A correição ainda destacou que os acordos de leniência assinados entre a Lava Jato, a Odebrecht e a Braskem foram realizados sem informações completas e com os valores estipulados por autoridades estrangeiras, uma conduta considerada “absurda” pelos técnicos responsáveis pelo relatório.

Como consequência das irregularidades encontradas, o relatório final, que deve ser analisado ainda neste mês pelo plenário do CNJ, deve propor a abertura de investigação contra os juízes e procuradores que atuaram nas investigações da Lava Jato.

No entanto, vale ressaltar que na semana passada o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as provas obtidas nos acordos de leniência da Odebrecht, determinando que a Advocacia-Geral da União (AGU) inicie uma investigação contra os agentes públicos envolvidos na assinatura dos acordos.

Diante desses acontecimentos, fica evidente a necessidade de uma investigação aprofundada para esclarecer as irregularidades encontradas no processo de gestão dos valores provenientes dos acordos de delação e leniência da Lava Jato, visando garantir a transparência e a correção do sistema de justiça brasileiro.

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