Juros futuros sobem após aumento nos rendimentos dos Treasuries e incerteza fiscal no Brasil

Na sessão desta sexta-feira, 15, os juros futuros tiveram uma leve alta na ponta curta e uma alta mais intensa no trecho longo. Isso foi resultado do aumento nos rendimentos dos Treasuries, que ocorreu às vésperas da próxima reunião do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, quando será decidido sobre as taxas de juros. Além disso, o temor fiscal também influenciou o aumento das taxas longas.

A incerteza fiscal ganhou força após o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), afirmar que é “quase impossível” zerar o déficit primário no ano que vem. Essa declaração, feita durante uma audiência na Alerj, ampliou o receio dos investidores em relação à situação fiscal do país, o que levou ao aumento das taxas longas.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024, janeiro de 2025, janeiro de 2027, janeiro de 2029 e janeiro de 2031 tiveram aumentos em suas taxas. Isso reflete um ganho de inclinação na curva, conforme o diferencial entre os contratos para 2025 e 2029 aumentou.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirmou que as declarações de Forte são significativas, já que ele é o relator da LDO e tem influência política em torno da proposta de Orçamento. Segundo Borsoi, o fato de Forte vocalizar a falta de apoio à proposta de déficit zero indica que há pouco respaldo no governo ou entre os congressistas.

Antes das declarações de Forte, os juros futuros já estavam em alta, seguindo o movimento dos Treasuries. Os ganhos dos Treasuries foram impulsionados pela alta de 0,4% na produção industrial dos Estados Unidos em agosto, que superou as expectativas do mercado. No entanto, os números da Universidade de Michigan mostraram uma queda nas expectativas de inflação no país.

O gestor de multimercados da Neo Investimentos, Mario Schalch, destacou que o movimento dos juros americanos foi um dos principais fatores que influenciaram a curva doméstica. Schalch ressaltou que a pressão externa não foi suficiente para gerar um aumento expressivo das taxas nos trechos curto e intermediário da curva, que ainda refletiram as expectativas de aceleração dos cortes da Selic após o IPCA de agosto ficar abaixo do esperado.

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