O juiz Marcos Boechat Lopes Filho, responsável pelos julgamentos na primeira instância, proferiu as sentenças que encerraram todas as 17 ações penais envolvendo João de Deus. O médium, de 81 anos, é acusado de abusar sexualmente de diversas mulheres durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás.
As penas somadas chegam a 489 anos e 4 meses de reclusão. João de Deus foi preso em 2018, mas atualmente cumpre pena em regime de prisão domiciliar. Além das penas de prisão, o médium também foi condenado a pagar indenizações por danos morais às vítimas, com valores que chegam a R$ 100 mil.
O advogado Anderson Van Gualberto de Mendonça informou que a defesa ainda não foi intimada das sentenças e afirmou que pretende recorrer. Segundo ele, as decisões estão em desacordo com a legislação penal e podem ser reformadas pelos tribunais superiores.
Os crimes cometidos por João de Deus que resultaram nas condenações desta sexta-feira envolvem 18 vítimas e ocorreram entre os anos de 2010 e 2017, de acordo com a Justiça de Goiás. Ao todo, o médium foi denunciado por crimes praticados contra 66 vítimas e foi condenado em 56 casos.
João de Deus oferecia supostos tratamentos de cura por meio de passes e cirurgias espirituais. As primeiras denúncias surgiram em 2018, quando vítimas que buscaram atendimento espiritual relataram ter tido suas partes íntimas tocadas pelo médium. Outras afirmaram que ele as obrigou a masturbar ou fazer sexo oral, alegando que estava realizando um trabalho de cura.
A Justiça goiana informou que já foram analisadas seis apelações da defesa de João de Deus, sendo que duas delas estão em recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) aguardando julgamento.