Durante a oitava edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, a poeta Sony Ferseck, do povo Makuxi, e o escritor Edson Kayapó discutiram a importância de dar voz às narrativas indígenas e romper com a visão romantizada que sempre os retratou como passivos diante da colonização. Kayapó ressaltou que escritores indígenas atuam como porta-vozes de memórias silenciadas pela sociedade brasileira, trazendo à tona histórias e ancestralidades esquecidas.
A literatura indígena, segundo Kayapó, é uma fala coletiva e ancestral, que se torna um instrumento de resistência contra projetos de progresso que promovem genocídio e epistemicídio. O combate ao apagamento cultural passa pela publicação de mais obras indígenas, como a produzida pela produtora independente Wei, de Roraima, fundada por Sony Ferseck. A resistência, portanto, está fundamentada na arte e na busca por espaço nas escolas e nas universidades, para garantir que as narrativas indígenas sejam mais amplamente difundidas.
A necessidade de uma educação reencantada, que dialogue com outras culturas e promova a diversidade de pensamentos, se torna crucial para adiar o fim do mundo e preservar as cosmologias indígenas. A Flipelô, evento que abre espaço para debates como esse, é uma oportunidade para ampliar o conhecimento sobre a literatura indígena e os desafios enfrentados pelos povos originários na luta por visibilidade e respeito. A resistência indígena se mostra presente e atuante, buscando reverter a política de apagamento ainda presente na sociedade brasileira.