Manteiga era considerado o pescador mais velho da Colônia de Pesca Z1, onde passou grande parte de sua vida. Ele era conhecido por sua devoção a Iemanjá e por sua atuação na organização da festa. Seus colegas o descreviam como um homem calmo e amigável, sempre disposto a ajudar. Além disso, ele tinha o costume de pescar pititingas com tarrafa, recusando os métodos modernos que prejudicam a reprodução das espécies.
Além de sua participação nas homenagens a Iemanjá, Manteiga também teve a honra de pilotar a galeota Gratidão do Povo na tradicional procissão marítima do Senhor Bom Jesus dos Navegantes. Sua ligação com o mar era profunda, e ele mantinha o hábito de visitar a colônia mesmo após se aposentar da pesca.
Nascido em Valença e radicado em Salvador desde os 12 anos, Manteiga era conhecido pelo apelido que recebeu na juventude, devido ao seu jeito sensível. Sua habilidade como pescador era reconhecida por todos, e ele gostava de compartilhar suas histórias, como a vez em que fisgou um enorme peixe com a ajuda de um colega.
A morte de Manteiga, aos 86 anos, no dia da Independência do Brasil na Bahia, deixou uma lacuna entre os pescadores locais. Mesmo sem filhos, ele deixa um legado de amizade e devoção que será lembrado por muitas gerações. Sua contribuição para as festividades em homenagem a Iemanjá e sua dedicação ao mar são exemplos de amor e respeito pela tradição.