Pescador Manteiga, ícone da Colônia de Pesca Z1 em Salvador, é lembrado pela devoção a Iemanjá e pela tradição marítima da região.

No último 2 de fevereiro, a cidade de Salvador foi palco de uma das maiores festas em homenagem a Iemanjá, a rainha do mar. Durante mais de cem anos, milhares de devotos se reuniram no Rio Vermelho para prestar suas homenagens, em uma tradição que se mantém viva ao longo dos anos. Nesse contexto, uma figura se destacava na organização das festividades: o pescador conhecido como Manteiga.

Manteiga era considerado o pescador mais velho da Colônia de Pesca Z1, onde passou grande parte de sua vida. Ele era conhecido por sua devoção a Iemanjá e por sua atuação na organização da festa. Seus colegas o descreviam como um homem calmo e amigável, sempre disposto a ajudar. Além disso, ele tinha o costume de pescar pititingas com tarrafa, recusando os métodos modernos que prejudicam a reprodução das espécies.

Além de sua participação nas homenagens a Iemanjá, Manteiga também teve a honra de pilotar a galeota Gratidão do Povo na tradicional procissão marítima do Senhor Bom Jesus dos Navegantes. Sua ligação com o mar era profunda, e ele mantinha o hábito de visitar a colônia mesmo após se aposentar da pesca.

Nascido em Valença e radicado em Salvador desde os 12 anos, Manteiga era conhecido pelo apelido que recebeu na juventude, devido ao seu jeito sensível. Sua habilidade como pescador era reconhecida por todos, e ele gostava de compartilhar suas histórias, como a vez em que fisgou um enorme peixe com a ajuda de um colega.

A morte de Manteiga, aos 86 anos, no dia da Independência do Brasil na Bahia, deixou uma lacuna entre os pescadores locais. Mesmo sem filhos, ele deixa um legado de amizade e devoção que será lembrado por muitas gerações. Sua contribuição para as festividades em homenagem a Iemanjá e sua dedicação ao mar são exemplos de amor e respeito pela tradição.

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