Reforma no ensino médio: embate pela obrigatoriedade do Espanhol gera discordâncias entre parlamentares e diplomatas.

Em 1968, a música “Soy loco por ti, America”, na voz de Caetano Veloso, despertou o interesse da estudante de letras Márcia Paraquett pelo idioma espanhol. Naquela época, o ensino de espanhol era escasso no Brasil, mas Paraquett encontrou uma forma de aprender e se dedicou ao idioma, tornando-se hoje uma renomada professora da UFBA. Porém, em 2024, a realidade dos professores de espanhol no país não é nada animadora, de acordo com relatos de especialistas.

A revogação da Lei do Espanhol em 2017, durante o governo Temer, foi o primeiro golpe contra a obrigatoriedade do ensino do idioma. E agora, no terceiro governo de Lula, um projeto de reforma do ensino médio que previa a volta da obrigatoriedade do espanhol foi alvo de intensos debates. A disputa entre a Câmara e o Senado sobre a inclusão do espanhol no currículo escolar foi influenciada por questões diplomáticas entre países favoráveis e contrários à medida.

Para os defensores da obrigatoriedade do espanhol, como a professora Monica Nariño, a decisão de não tornar o idioma obrigatório representa um retrocesso no processo de integração latino-americana. No entanto, o deputado Mendonça Filho justificou a retirada da obrigatoriedade com base na necessidade de foco em disciplinas consideradas mais essenciais, como Matemática e Português.

A questão do ensino de espanhol no Brasil remonta a várias décadas, desde iniciativas nos governos de Juscelino Kubitscheck e Getúlio Vargas até a promulgação de leis de diretrizes educacionais que estabeleciam a obrigatoriedade ou preferencialidade da língua. Atualmente, um novo projeto de lei tramita na Câmara, buscando mais uma vez a obrigatoriedade do ensino de espanhol no país.

Diante dos diferentes interesses e argumentos em jogo, a discussão sobre a obrigatoriedade do espanhol no Brasil continua sendo um tema relevante e controverso no cenário educacional nacional. A decisão final sobre a inclusão ou não do idioma no currículo escolar permanece em aberto, aguardando a sanção presidencial e levantando questionamentos sobre o papel do ensino de línguas estrangeiras na formação dos estudantes brasileiros.

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