Concurso da UFMG para professores negros é questionado por candidatas negras após reprovação de todas em etapa subjetiva.

Duas candidatas negras acionaram o Ministério Público Federal em busca de respostas após um concurso da UFMG, direcionado a professores negros, resultar na aprovação apenas de candidatos brancos. A denúncia de discriminação durante o processo seletivo para professor adjunto do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da universidade gerou controvérsias e questionamentos sobre a imparcialidade do concurso.

No total, 22 candidatos se inscreveram para o concurso, com 11 participando da primeira etapa, que consistia em uma prova escrita. Nessa fase anônima, sete candidatos foram aprovados, com três mulheres negras e quatro pessoas brancas obtendo sucesso. Porém, na etapa seguinte, de análise de títulos e seminários, as três candidatas negras foram desclassificadas, enquanto os quatro candidatos brancos foram aprovados.

Após recursos das candidatas, a UFMG optou por anular a etapa dos seminários devido a irregularidades no processo, como a realização da banca por videoconferência, o que não estava previsto no edital. A decisão foi tomada visando garantir a lisura do concurso, mas não abordou diretamente as alegações de discriminação.

As candidatas negras reprovadas manifestaram sua indignação com o desfecho do concurso. Giselle Santos Magalhães, por exemplo, teve o melhor currículo entre os candidatos, porém recebeu uma baixa pontuação na etapa do seminário, que é subjetiva e não apresenta critérios claros de avaliação. Outra candidata, Raquel Arifa, também questionou as discrepâncias de notas entre candidatos negros e brancos.

A polêmica levou 15 professores do departamento de fisiologia a assinarem uma carta pedindo esclarecimentos sobre a avaliação do concurso. Eles ressaltaram a importância das cotas para corrigir desigualdades históricas e garantir oportunidades iguais a todos os grupos, questionando a falta de representatividade negra entre os aprovados.

Diante das irregularidades apontadas, as candidatas reprovadas exigem uma nova banca avaliadora e a revisão do processo seletivo. A advogada das pesquisadoras, Isabela Corby, destacou que o descumprimento das regras do edital comprometeu a transparência e a justiça do concurso.

A situação evidencia a necessidade de maior preparo das instituições públicas para lidar com questões raciais e reafirma a importância da transparência e imparcialidade nos concursos públicos. A busca por igualdade e representatividade exige um olhar atento e comprometido com a justiça em todos os processos seletivos.

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