Abertura para empresas privadas em setores chave gera debate sobre impacto na economia cubana em meio à escassez.

Em meio a uma crise de escassez, o governo cubano tomou uma decisão sem precedentes em 2021: permitir a operação de empresas privadas em setores específicos, como turismo, construção e abastecimento de alimentos. Essa medida, que não era adotada há 60 anos, foi uma tentativa de amenizar os problemas enfrentados pelo país.

No entanto, a entrada do setor privado em um cenário tradicionalmente dominado por empresas estatais gerou o que o governo classificou como “distorções” e “tendências negativas”. Essa mudança ocorreu em um momento delicado, quando a reforma monetária implementada para impulsionar a economia não obteve os resultados esperados.

O Estado cubano, acostumado a controlar a maior parte das divisas que entravam no país, viu-se de repente diante da urgente necessidade de competir por moedas estrangeiras com essas novas empresas privadas. As importações realizadas por essas companhias, avaliadas em 1,3 milhão de dólares em 2023, segundo informações do governo, provocaram uma demanda descontrolada por divisas, estimulando a formação de um mercado ilegal.

O primeiro-ministro cubano acusou algumas dessas empresas privadas de envolvimento no “mercado ilegal de divisas”, chegando ao ponto de oferecer bens e serviços em moedas estrangeiras dentro do território nacional. Essa situação gerou ainda mais complexidade ao cenário cubano, que já convive com quatro moedas em circulação – peso cubano, dólar, euro e a MLC, uma divisa local eletrônica equivalente ao dólar – e três diferentes taxas de câmbio, duas oficiais e uma informal.

Diante desses desafios, o governo cubano enfrenta uma nova realidade econômica e terá que buscar soluções para lidar com as transformações trazidas pela presença do setor privado em áreas antes exclusivas do Estado. O futuro da economia cubana dependerá das estratégias adotadas para equilibrar essa nova dinâmica.

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