Repórter São Paulo – SP – Brasil

Número insuficiente de vagas em residência médica no Brasil gera déficit de especialistas no SUS, aponta pesquisa da USP.

O cenário da residência médica no Brasil tem levantado preocupações em relação à falta de vagas para a crescente quantidade de médicos formados no país. De acordo com a pesquisa Demografia Médica no Brasil, realizada pela Universidade de São Paulo (USP), o número de estudantes de medicina aumentou significativamente nos últimos anos, enquanto a quantidade de vagas em residência não acompanhou o mesmo ritmo de expansão.

Em média, a residência médica dura cerca de dois anos, podendo se estender em áreas mais específicas, como a neurocirurgia, por até cinco anos. No entanto, a oferta de oportunidades para esses médicos em formação tem sido insuficiente. Em 2018, por exemplo, foram abertas 13.244 vagas de residência, enquanto 17.130 profissionais haviam concluído a graduação em medicina no ano anterior, resultando em um déficit de 3.886 vagas.

Para o ano de 2024, o número de vagas em residência aumentou para 16.189, porém, 27.263 médicos haviam concluído a graduação em 2023, gerando um déficit ainda maior de 11.074 vagas. Essa disparidade vai de encontro ao preceito estabelecido pelo programa Mais Médicos, que previa que os programas de residência médica ofertassem anualmente vagas equivalentes ao número de egressos dos cursos de graduação em medicina do ano anterior.

A alta demanda por especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS) tem agravado a situação, com pacientes enfrentando longas filas de espera por consultas. Além disso, as desigualdades regionais contribuem para a concentração de profissionais nas capitais e nos serviços privados, deixando algumas regiões do país desassistidas.

A supervisão dos programas de residência no Brasil é de responsabilidade da Comissão Nacional de Residência Médica, ligada ao Ministério da Educação. Portanto, cabe ao governo federal observar a defasagem de vagas e controlar a criação de novas oportunidades para formação de especialistas no país. A falta de profissionais capacitados em áreas específicas da saúde, como cirurgia, psiquiatria e medicina da família, já é sentida, e a necessidade de ampliar a capacidade de formar especialistas é urgente para evitar um possível “apagão” nesse setor.

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