O resultado das eleições em São Paulo traz importantes lições para o campo progressista. A falta de maiores acenos ao centro nas alianças, assim como a falha na comunicação que não conseguiu se conectar com os problemas reais da população, são aspectos que precisam ser revistos. O obituário deste momento político ainda será escrito.
Um dos pontos de destaque da vitória de Nunes foi seu vice, o coronel Ricardo de Mello Araújo, ex-comandante da Rota, tropa de elite da Polícia Militar. Cerca de 86% dos eleitores que declararam voto em Nunes sequer conheciam seu vice, trazendo à tona questões sobre a figura do coronel Araújo e suas declarações polêmicas sobre abordagens policiais nos Jardins e na periferia.
Com o reforço do entendimento do Supremo Tribunal Federal de que as guardas civis municipais fazem parte do sistema de segurança pública, a Guarda Metropolitana de São Paulo terá como líder um vice-prefeito coronel disposto a expandir o poder ostensivo e letal da corporação. O projeto “Guarda padrão Rota” proposto pelo coronel Araújo levanta preocupações sobre abordagens mais violentas e desproporcionais, especialmente contra negros e pobres.
A vitória de Nunes representa, portanto, não só a continuidade de uma gestão sem grandes feitos, mas também o fortalecimento de uma postura policial ostensiva e potencialmente letal, que coloca em risco a vida de comunidades vulneráveis. As eleições em São Paulo deixaram claro que há desafios significativos a serem enfrentados no campo progressista e na garantia dos direitos e da segurança de todos os cidadãos.