Os principais pontos de discussão giram em torno do Fundo Global da Biodiversidade, que se baseia em doações, e do DSI, um mecanismo para repartição dos benefícios derivados do uso da natureza. A ideia por trás do DSI é garantir que comunidades locais ou indígenas sejam remuneradas quando seus conhecimentos tradicionais são utilizados por empresas para o desenvolvimento de produtos.
No entanto, os resultados das discussões financeiras na COP16 têm sido considerados decepcionantes por negociadores e observadores. Representantes de países como Colômbia, Brasil, Bolívia e Venezuela criticaram abertamente as nações desenvolvidas por não cumprirem suas obrigações financeiras. A meta anual de US$ 20 bilhões para o financiamento da biodiversidade ainda está distante, apesar das recentes promessas de doação de alguns países.
Outro ponto de atrito na conferência é a estrutura do Fundo Global da Biodiversidade, que favorece os países doadores em detrimento dos mais biodiversos. O Brasil, por exemplo, o país mais biodiverso do mundo, divide uma cadeira com a Colômbia e o Equador, enquanto nações como Estados Unidos, Canadá, Itália e Suécia possuem assentos individuais e direito a voto.
A falta de representatividade dos países mais ricos, aliada à resistência em repensar a arquitetura global de financiamento, tem contribuído para a estagnação das negociações. Enquanto isso, povos indígenas, comunidades locais e afrodescendentes, que detêm grande parte do conhecimento sobre formas sustentáveis de produção, clamam por uma participação mais efetiva na tomada de decisões. A conferência deve continuar até sexta-feira, mas uma mudança significativa no panorama atual parece improvável.