O complexo, que antes era dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP), agora é controlado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, um dos traficantes mais procurados do Rio de Janeiro. A ascensão de Peixão é marcada pelo uso de símbolos religiosos em sua atuação, incluindo a bandeira de Israel e versículos bíblicos pintados em muros das favelas.
Esse uso de símbolos religiosos não é novo nas favelas do Rio, mas a maneira como Peixão os incorpora em sua imagem e no ambiente do tráfico é diferenciada. A pesquisadora Christina Vital, professora de sociologia da UFF, destaca que o traficante investe na espetacularização desses símbolos, criando uma identidade única para sua facção.
Além disso, a região de Parada de Lucas e Vigário Geral passou a ser oficialmente chamada de Complexo de Israel pela Polícia Militar a partir de 2021, em resposta às denúncias de perseguição religiosa a terreiros de umbanda e candomblé na região. A presença de Peixão, que se considera evangélico, nos cultos da favela é contraditória para algumas lideranças evangélicas locais, que negam a legitimidade de sua expressão religiosa.
Com sete mandados de prisão em aberto, Peixão é visto como responsável pela expansão do TCP na região e pelo domínio do tráfico no Complexo de Israel. A história de resistência das favelas da região, como Cinco Bocas, remonta à ditadura de 1964, com tentativas de remoção que foram frustradas pela comunidade local.
Assim, a presença de símbolos religiosos e a disputa pelo controle do tráfico continuam a marcar a realidade das favelas do Rio de Janeiro, evidenciando a complexidade e a violência que cercam esses territórios.