O gerente de projeções e estimativas populacionais do IBGE, Marcio Minamiguchi, atribui esses resultados a transformações culturais na sociedade e à maior inserção feminina no mercado de trabalho. Apesar das desigualdades de emprego e renda persistirem no Brasil, a independência econômica das mulheres e sua presença no mercado de trabalho têm contribuído para essa mudança de identificação dos responsáveis pelos lares.
Minamiguchi destacou que, culturalmente, o homem era tradicionalmente identificado como o responsável pelo lar, mas essa visão vem se transformando ao longo do tempo. A presença maior das mulheres no mercado de trabalho e a sua independência econômica têm influenciado nesse processo de mudança de identificação.
Em relação à composição dos lares, o Censo mostrou que em dez estados brasileiros as mulheres representam mais de 50% dos responsáveis pelas unidades domésticas. Isso reflete uma tendência de maior presença feminina nesses lares, com destaque para estados como Pernambuco, Sergipe, Maranhão, entre outros.
Além disso, outro destaque dos dados está relacionado à população parda, que pela primeira vez superou a população branca entre os responsáveis pelos lares no Brasil. Esse avanço, segundo o IBGE, está ligado a um maior número de pessoas que se autodeclararam pardas em 2022.
Outro dado relevante é a presença de lares compostos por responsável e cônjuge ou companheiro do mesmo sexo, que aumentou significativamente desde 2010. Apesar de ainda representarem um percentual pequeno, esses lares mostram um crescimento expressivo e uma maior diversidade na estrutura familiar no país.
Em resumo, os dados do Censo Demográfico mostram uma mudança significativa na configuração familiar no Brasil, com uma maior presença e identificação das mulheres como responsáveis pelos lares, além de um aumento na diversidade na composição das famílias em termos de etnia e orientação sexual.
