Repórter São Paulo – SP – Brasil

Brasil e Colômbia pressionam ONU por reconhecimento de afrodescendentes na conservação da biodiversidade na COP16 em Cali

Na conferência sobre biodiversidade COP16, realizada em Cali, Colômbia, na última quarta-feira (24), os representantes da Colômbia e do Brasil fizeram uma forte pressão junto à ONU pelo reconhecimento oficial da contribuição dos afrodescendentes à conservação da vasta biodiversidade da região.

Durante os debates, foi destacado o papel fundamental dos povos indígenas na preservação da natureza, e a proposta em questão busca dar aos afrodescendentes um reconhecimento semelhante, considerando que seus conhecimentos tradicionais e estilos de vida também são importantes para a conservação ambiental.

Segundo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, “Quilombolas e indígenas são agentes de conservação da natureza, agentes de conservação do nosso planeta, na verdade”. Estima-se que pessoas de ascendência africana ocupem aproximadamente 2 milhões de quilômetros quadrados de terras rurais na América Latina, sendo responsáveis por manter mais de 80% dessa área preservada.

Marino Córdoba, representante da organização afrodescendente colombiana Afrodes, ressaltou na COP16 que as comunidades afrodescendentes têm lutado contra um sistema que visa extrair recursos naturais, destacando a importância de estarem inseridas na biodiversidade e na natureza.

A proposta apresentada pelo Brasil e Colômbia, em avaliação, visa incentivar as partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU a interagir com as comunidades afrodescendentes e a incorporar seus conhecimentos tradicionais sobre práticas sustentáveis nas decisões tomadas.

Laura Valentina Rojas, jovem ativista presente na COP16, ressaltou que as comunidades afrodescendentes têm histórico de mais de 200 anos de luta pela preservação ambiental e pelo reconhecimento oficial de seus territórios. A proposta também enfatiza a proteção dos territórios tradicionalmente ocupados por essas comunidades, que ainda carecem de reconhecimento formal por parte dos governos.

A iniciativa ganhou apoio dos governos de Lula e Gustavo Petro, refletindo uma nova era em que pautas como essa ganham força, sob liderança de mulheres como Anielle Franco e Francia Márquez, primeira vice-presidente de ascendência africana da Colômbia.

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