Relatório da SaferNet aponta mais de 1,25 milhão de usuários do Telegram envolvidos em crimes de abuso sexual infantil e pornografia.

Recentemente, um relatório elaborado pela SaferNet, uma organização não-governamental dedicada à promoção dos direitos humanos na internet, trouxe à tona informações alarmantes sobre o uso do aplicativo de mensagens Telegram por criminosos sexuais. De acordo com o relatório, cerca de 1,25 milhão de usuários da plataforma participam de grupos e canais que comercializam e compartilham imagens de abuso sexual infantil e conteúdo pornográfico. Em um desses grupos, que ainda permanecia ativo, foram identificados cerca de 200 mil usuários.

Denominado de “Como o Telegram tem sido usado no Brasil como um espaço de comércio virtual por criminosos sexuais”, o relatório foi entregue às autoridades competentes, incluindo a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal em São Paulo, a Polícia Federal e autoridades francesas que também investigam crimes relacionados ao Telegram. A gravidade da situação levou inclusive à prisão do presidente e fundador da empresa, Pavel Durov, na França, embora ele tenha sido liberado sob determinadas condições.

A SaferNet realizou uma minuciosa pesquisa em 874 links do Telegram denunciados por usuários por conterem material de abuso sexual infantil e exploração. Dos links analisados, 149 ainda estavam ativos, sem restrição da plataforma, enquanto mais 66 links não denunciados previamente também foram identificados como contendo conteúdo criminoso. O presidente da SaferNet no Brasil, Thiago Tavares, ressaltou a gravidade da situação, destacando que os crimes cometidos pelos usuários e administradores desses grupos envolvem a distribuição, venda e compra de imagens de abuso sexual infantil, além de outros tipos de conteúdo ilícito.

Além disso, a organização descobriu que parte desses conteúdos é criada por bots e vendida utilizando criptomoedas como forma de pagamento, o que dificulta ainda mais a identificação dos envolvidos. Tavares enfatizou a necessidade de ação por parte das autoridades, alertando para possíveis violações às normas do Banco Central e até mesmo para práticas de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.

Diante desse cenário alarmante, a SaferNet e o Ministério Público Federal intensificaram esforços para combater essa forma de exploração digital envolvendo crianças e adolescentes. A identificação e denúncia dessas práticas criminosas tornaram-se ainda mais cruciais para garantir a segurança e proteção dos menores envolvidos.

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