Racismo no Brasil: a raiz das desigualdades sociais e a urgência de políticas públicas mais inclusivas e interseccionais.

O racismo é uma questão central que permeia as relações sociais no Brasil desde a chegada dos portugueses ao país. A hierarquização entre brancos, negros e indígenas estabeleceu as bases para a construção de desigualdades sociais que persistem até os dias atuais. Essa realidade, fundamentada no racismo estrutural, tem repercussões em diversas esferas da sociedade brasileira.

A socióloga Lélia Gonzalez, precursora na discussão da interseccionalidade das opressões sofridas por mulheres negras, já apontava para as dinâmicas entre diferentes sistemas de opressão, como o racismo, sexismo e classismo, que resultam em violências e violações de direitos para diferentes grupos. Além disso, a filósofa Nancy Fraser destaca a importância de considerar a dimensão do reconhecimento das demandas de grupos minoritários, como pessoas negras, mulheres e LGBTQIA+.

Por sua vez, Cida Bento ressalta que a identidade racial branca não é neutra e, na verdade, confere privilégios em decorrência do racismo estrutural. Essa branquitude se traduz em maior acesso a espaços de poder e influência, sem que isso seja considerado identitarismo, ao passo que demandas de grupos minoritários são frequentemente rotuladas dessa forma.

Relatórios recentes, como os divulgados pela Associação Brasileira de Combate às Desigualdades e pela Rede Nossa São Paulo, evidenciam as disparidades raciais e de gênero presentes na sociedade brasileira. A violência policial nas periferias, por exemplo, tem como alvo principal os jovens negros, contribuindo para uma taxa de homicídios muito maior nesse grupo em comparação com jovens não negros.

Diante desse cenário, torna-se fundamental repensar modelos de segurança pública e propor políticas intersetoriais que abordem as desigualdades de forma mais abrangente. A garantia de um direito à vida digna para todos os cidadãos requer um esforço conjunto na concepção, planejamento e implementação de políticas públicas universalistas, que não deixem de fora nenhum grupo social marginalizado pela interseção de diferentes sistemas de opressão.

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