Câmara dos Deputados aprova projeto que dá mais poder aos municípios para fiscalizar fornecimento de energia elétrica após apagão em São Paulo.

Na última semana, a cidade de São Paulo enfrentou uma situação de crise após um apagão deixar até 3,1 milhões de pessoas sem luz. Esse cenário caótico levou a Câmara dos Deputados a aprovar, em regime de urgência, um projeto de lei que visa conceder mais poderes aos municípios para fiscalizar e controlar os serviços de fornecimento de energia elétrica. O Projeto de Lei 1.272, de 2024, propõe alterações em leis que regulamentam as concessões de serviços públicos e a atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no país.

De acordo com o relator do projeto, deputado Cleber Verde (MDB-MA), a descentralização do poder de fiscalização para os municípios se faz necessária, uma vez que são mais próximos da população e têm maior capacidade de monitorar a prestação de serviços em seus territórios. Ele argumenta que o atual modelo centralizado, com foco na União e na Aneel, mostrou-se ineficaz diante de episódios recentes de falta de energia, como no Amapá e em São Paulo, evidenciando a necessidade de reformas no sistema.

O texto do projeto estabelece a possibilidade de convênios de cooperação entre a União, estados, Distrito Federal e municípios para atividades complementares de fiscalização e controle dos serviços de energia elétrica. Atualmente, os convênios só são permitidos com estados e o DF. Além disso, a proposta determina que o DF e os municípios tenham participação nos processos de concessão e prorrogação de concessões de fornecimento de energia elétrica.

A crise energética em São Paulo, desencadeada por fortes chuvas e vendavais, resultou em milhares de pessoas passando dias sem luz, sob responsabilidade da Enel, concessionária de energia na cidade. Mesmo após o apagão, cerca de 36 mil clientes ainda permanecem sem energia elétrica, gerando questionamentos sobre a eficácia do modelo de privatização dos serviços de energia elétrica, implementado em 1998. Especialistas consultados pela Agência Brasil apontam falhas nesse modelo privatizado, reforçando a necessidade de mudanças e da aprovação do novo projeto de lei para uma melhor fiscalização e controle do setor.

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