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Juiz militar é afastado por decisão polêmica de soltar PM condenado: controvérsia nos bastidores do judiciário militar

Em uma reviravolta surpreendente, o juiz militar Ronaldo João Roth, de 67 anos, foi surpreendido no dia 17 de setembro com uma ordem de afastamento de suas funções, após 30 anos de atuação no Tribunal de Justiça Militar de São Paulo. A decisão veio após a publicação do resultado de um processo administrativo que o condenou a dois anos de afastamento por supostamente desrespeitar uma ordem superior.

O motivo da punição foi a concessão de liberdade a um policial militar condenado por corrupção, que havia recebido propina para ajudar pescadores da região a escaparem da fiscalização policial. Embora o policial tenha sido condenado a uma pena de três anos e dois meses em regime aberto, os desembargadores do TJM consideraram a decisão de Roth uma grave afronta à ordem superior de manter a prisão preventiva do réu.

A decisão de afastamento de Roth gerou polêmica nos bastidores do judiciário, com advogados defendendo que a punição foi injusta e desproporcional. Alguns chegaram a levantar a hipótese de que a decisão pudesse estar relacionada a questões pessoais, sendo Roth o único punido de forma severa em um caso que envolvia outros juízes.

Além disso, a controvérsia da decisão foi aumentada pelo fato de o relator do processo contra Roth ser Orlando Eduardo Giraldi, desembargador militar denunciado no CNJ pelo próprio juiz afastado por envolvimento em fraudes na Polícia Militar de São Paulo. Giraldi presidiu a instrução do processo, ouviu testemunhas e foi o primeiro a votar no julgamento que resultou no afastamento de Roth.

A defesa de Roth alega que a decisão foi baseada em critérios jurídicos e que o afastamento do juiz foi uma retaliação injusta por parte dos desembargadores. A situação ganhou ainda mais destaque pela relação conturbada entre Roth e Giraldi, que levou à alegação de suspeição do relator no processo.

Diante desse cenário conturbado, o afastamento do juiz Roth continua gerando discussões e questionamentos no meio jurídico, com a possibilidade de recurso ao CNJ para contestar a decisão. A punição aplicada ao magistrado levanta debates sobre a independência do judiciário militar e a imparcialidade nas decisões dos desembargadores.

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