Em resposta a essa pressão, placas com a mensagem “Esta casa não está à venda” foram fixadas em diversas residências da região. Essas placas foram uma reação direta ao assédio sofrido pelos moradores e também em resposta às placas instaladas pela construtora anunciando um lançamento imobiliário na área.
A situação tem causado impactos na saúde mental dos moradores, chegando ao ponto de alguns relatarem que os corretores afirmaram que iriam colocar tapumes até a esquina e demolir tudo na semana seguinte, como forma de intimidação. Maria Luiza Araujo, jornalista aposentada que vive na região desde que nasceu, relatou ter sido alvo de tentativas de contato dos corretores, chegando até mesmo a ligarem para sua filha no interior do estado.
Diante dessas denúncias, a Madala e a You,Inc foram procuradas para esclarecimentos, mas a primeira não respondeu e a segunda emitiu notas genéricas sobre o compromisso com a qualidade de seus serviços. Além disso, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento e a Subprefeitura Vila Mariana afirmaram que vão realizar vistorias para investigar possíveis irregularidades na região e aplicar multas, se necessário.
Essa abordagem agressiva por parte das construtoras vem se tornando mais comum em um mercado imobiliário aquecido, de acordo com a advogada Viviane Chu Porcel. Ela ressalta que os proprietários que se sentem assediados podem buscar medidas legais, como ação por danos morais.
Além dos conflitos com os moradores, a construção sobre córregos subterrâneos na região também preocupa, uma vez que pode gerar impactos ambientais negativos. Os moradores já contrataram um engenheiro para investigar esses possíveis danos e baseiam-se em casos anteriores na região que levaram ao tombamento de áreas especiais.
Por fim, a Vila Mariana é uma área valorizada da cidade de São Paulo, integrando os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, o que aumenta o potencial de supervalorização dos terrenos na região. A revisão do Plano Diretor no ano passado também contribuiu para esse cenário, permitindo a construção de edificações sem limite de altura nessas áreas. O contexto conflituoso na Vila Mariana reflete a tensão entre o desenvolvimento imobiliário e a preservação ambiental e cultural da região.