Durante o bate-papo, Clayton Nascimento revelou como surgiu a inspiração para a peça teatral. Ao presenciar torcedores xingando um goleiro em um estádio de futebol, ele se questionou sobre as origens desses comportamentos e como as forças históricas contribuem para alimentar atitudes racistas. Foi a partir desse momento que ele iniciou o processo de construção de “Macacos”, um monólogo que se tornou um sucesso nos palcos brasileiros.
O escritor também abordou os desafios enfrentados ao trabalhar o tema do racismo no teatro. Clayton Nascimento explicou que, após tentar formar uma equipe para colaborar com ele, acabou assumindo múltiplos papéis no projeto, escrevendo, dirigindo e interpretando a peça. Assim, o monólogo se consolidou como uma reflexão intensa sobre as questões raciais dentro da sociedade.
Além disso, a entrevista também destacou outros pontos importantes do trabalho de Clayton Nascimento, como a importância de trazer à tona a produção acadêmica focada nos conhecimentos das periferias, em contraposição às grandes teorias de comunicação europeias. O artista também discutiu a problemática da maternidade negra e a realidade de jovens que têm seus futuros interrompidos.
No quadro “Dando a Letra”, Gabriela Costa fez uma recomendação literária, indicando o livro “Angola Janga”, de Marcelo D’Salete, que aborda a história do Quilombo dos Palmares e de Zumbi dos Palmares.
O programa Trilha de Letras, que visa debater temas atuais por meio da literatura, foi idealizado em 2016 pela jornalista Emília Ferraz e já recebeu mais de 200 autores nacionais e estrangeiros. Atualmente, a produção é comandada por Eliana Alves Cruz e tem versões na TV Brasil e na Rádio MEC.
Portanto, a participação de Clayton Nascimento no Trilha de Letras foi enriquecedora, trazendo reflexões importantes sobre o racismo e a representatividade no teatro brasileiro. O programa continua sendo um espaço de destaque para o debate de temas relevantes por meio da literatura e das artes.
