Ao entrevistar pastores de diferentes denominações, tanto históricas quanto pentecostais, constatei que eles também não têm notado um aumento significativo de problemas ligados ao vício em jogos de azar em suas congregações. Embora estejam cientes dos dados alarmantes que mostram o agravamento dessa situação na sociedade, parece não haver uma percepção clara sobre o caráter patológico desses casos tanto por parte dos fiéis quanto dos líderes religiosos.
A dependência de jogos, conhecida como ludopatia, é considerada uma doença reconhecida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e pela Classificação Internacional de Doenças. Estudos mostram que o vício em jogos de azar pode alterar a atividade cerebral de forma semelhante ao uso de substâncias como anfetaminas, levando a uma série de consequências negativas, como ansiedade, mudanças de humor, estresse e até ideações suicidas.
No entanto, muitas pessoas que praticam jogos de azar não reconhecem a gravidade do problema, tratando-o apenas como uma forma de entretenimento inofensiva. A falta de conscientização sobre os riscos associados às apostas pode contribuir para a subnotificação desses casos nas igrejas.
Diante desse cenário, é importante que as igrejas busquem formas de conscientizar seus fiéis sobre os riscos e impactos negativos dos jogos de azar. Em vez de simplesmente classificar essas práticas como pecaminosas, as instituições religiosas podem promover ações educativas e preventivas, além de proporcionar espaços para o compartilhamento de testemunhos de pessoas que foram afetadas negativamente pelas apostas.
Dessa forma, as igrejas podem desempenhar um papel importante na prevenção e no combate ao vício em jogos de azar, contribuindo para a promoção da saúde e do bem-estar de seus fiéis e da sociedade como um todo.