Repórter São Paulo – SP – Brasil

Indígenas guatós formam primeira brigada para combater incêndios no pantanal a 350 km de Corumbá, em Mato Grosso do Sul.

Os indígenas guatós, conhecidos como o “povo das águas” do Pantanal, formaram a primeira brigada em seu território para combater os incêndios que ameaçam a aldeia Uberaba, localizada a 350 km de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul. O treinamento da brigada foi uma iniciativa da comunidade, que se viu ilhada nos últimos anos devido ao aumento de incêndios na região pantaneira, temendo que o fogo chegasse ao território indígena.

Coordenado por Elvis Terena, da Funai, o treinamento capacitou 24 homens e mulheres da aldeia para combater incêndios, que foram oferecidos em setembro pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) do Ibama, em parceria com a Funai e a ONG Instituto do Homem Pantaneiro. Agora, esses indígenas integram a primeira brigada voluntária da Terra Indígena Guató, onde residem cerca de 200 pessoas.

Apesar de a aldeia não ter sido diretamente atingida pelo fogo até o momento, já houve focos de incêndio nas proximidades, colocando em risco a comunidade. Jorcimari Picolomini, professora na escola indígena Toghopanãa, uma das sete mulheres participantes da formação, relatou a gravidade da situação e a importância do treinamento para cuidar da reserva.

Os incêndios que assolam o Pantanal são atribuídos, em sua maioria, à ação humana, sendo potencializados pela seca que afeta diversas regiões do Brasil. As brigadas comunitárias, como a formada pelos guatós, têm um papel estratégico no combate aos incêndios, principalmente em locais remotos de difícil acesso, como o Pantanal.

Com 13.141 focos de incêndio registrados de janeiro até outubro deste ano, o Pantanal é um dos biomas mais afetados pelos incêndios no Brasil. Além da sua rica biodiversidade, o bioma abriga diversas comunidades tradicionais, como quilombolas, ribeirinhos e povos indígenas, tornando crucial a atuação das brigadas comunitárias para proteger o ecossistema único da região.

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