As 74 aldeias do Vale do Javari encontram-se completamente isoladas dentro dos 8,5 milhões de hectares da terra indígena. A União dos Povos Indígenas do Javari (Univaja) divulgou um comunicado alertando para as condições precárias em que se encontram essas comunidades.
A seca tem impossibilitado a navegação na região, causando a escassez de água, alimentos e medicamentos, e expondo os povos isolados a um alto risco epidemiológico. Casos de diarreia e vômito em crianças têm sido registrados devido à falta de acesso à água potável, e há suspeitas de mortes por falta de assistência médica.
Além disso, uma equipe de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) está isolada há 120 dias no território, onde a falta de medicamentos básicos, como paracetamol, é alarmante. Situações mais graves, como a de um homem mordido por um animal peçonhento à espera de soro antiofídico há uma semana, também têm sido relatadas.
O coordenador da Univaja, Bushe Matis, destacou que indígenas de povos isolados têm sido avistados em busca de água, devido à seca extrema dos riachos e igarapés. Essa exposição representa um risco significativo para essas comunidades vulneráveis.
Diante desse cenário, a organização cobrou uma resposta urgente do governo, solicitando apoio para suprir as necessidades emergenciais das aldeias afetadas. Eles pedem o envio de aeronaves com alta capacidade de carga para acelerar a distribuição de mantimentos durante a seca.
O Ministério da Saúde afirmou estar articulando apoio logístico e insumos em nível federal para atender às demandas da região. A pasta garantiu a entrega antecipada de medicamentos essenciais para seis meses e o suporte de uma equipe médica para encontrar o paciente ferido pelo animal peçonhento.
O Ministério dos Povos Indígenas também se pronunciou, informando que está em contato com órgãos competentes para atender às demandas da região. Equipes da fundação trabalham na conscientização para evitar o contato com indígenas isolados.
No entanto, a situação ainda é preocupante, com uma carga de mantimentos retida em Atalaia do Norte sem condições de ser transportada para o interior do território. Mesmo com a chuva, não há previsão de melhora na navegação, devido ao baixo volume de precipitação esperado. A situação exige ação rápida e eficaz do governo para evitar uma tragédia humanitária nessa região tão vulnerável da Amazônia.