Filme redescoberto revela a Amazônia de 1910 em documentário histórico exibido em Berlim após quase 90 anos desaparecido

Na última terça-feira, dia 16, o cinema Babylon, em Berlim, abriu uma janela única para o passado, exibindo um filme raro datado da década de 1910 que retrata a natureza exuberante e a atividade humana na Amazônia. O filme, intitulado “Amazonas, o Maior Rio do Mundo”, dirigido por Silvino Santos e finalizado em 1920, foi redescoberto em 2023 após quase 90 anos desaparecido.

Nessa obra cinematográfica, que se assemelha a um documentário da National Geographic antes mesmo da existência do canal, são registradas imagens em preto e branco de animais exóticos como pirarucus e peixes-boi, além de mostras da extração de recursos naturais como madeira, borracha e castanha-do-pará. Manifestações culturais de ribeirinhos e indígenas também são retratadas, revelando um olhar histórico sobre a exploração da natureza pelo homem.

A exibição do filme, que possui a duração considerada longa de 66 minutos para a época, aconteceu no cinema Babylon, famoso por suas exibições de filmes silenciosos com música ao vivo, com destaque para a talentosa russa Anna Vavilkina. O evento foi promovido pela embaixada do Brasil na Alemanha e pelo RIFS (Research Institute for Sustainability), e fez parte de um ciclo de debates e eventos sobre preservação da biodiversidade e economia sustentável na Amazônia.

A história por trás da obra cinematográfica também é digna de um roteiro de cinema, com a misteriosa trajetória dos rolos de filme de 35 milímetros que, financiados por empresários de Manaus, acabaram desviados na Europa. O filme foi adquirido pela Gaumont, principal distribuidora de filmes na França, e exibido sem os devidos créditos, até desaparecer em 1934 e ser redescoberto após quase um século.

Além de registrar a exploração dos recursos naturais da Amazônia, o filme também apresenta aspectos culturais da região, como cerimônias indígenas, produção artesanal de cuias e a vida no Mercado Ver-o-Peso em Belém. A exibição da obra, que antes era vista como uma glorificação da exploração, hoje serve como um alerta e sensibilização sobre a importância da preservação ambiental e da relação harmoniosa entre ser humano e natureza.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo