Carlos Magno, mestre em agroecologia e especialista em tecnologias sociais de adaptação climática na Caatinga e no Cerrado, acredita que é fundamental trazer o debate climático para regiões que realmente são afetadas pelas mudanças do clima. Ele enfatiza que o semiárido nordestino tem um conhecimento acumulado sobre como lidar com a seca, que pode ser compartilhado com outras regiões, inclusive a Amazônia, que enfrenta atualmente um período de estiagem e rios secos.
O ativista e pesquisador critica o uso crescente do semiárido como polo de transição energética, alegando que o modelo adotado tem prejudicado as famílias locais. Ele destaca a importância de dar visibilidade às experiências de adaptação climática desenvolvidas na região, como a construção de cisternas, programas de convivência com o semiárido e o resgate e gestão de sementes crioulas.
Magno ressalta que o semiárido nordestino tem muito a contribuir para o debate global sobre mudanças climáticas, mas ainda enfrenta desafios, como a falta de financiamento adequado e a valorização inadequada na transição energética. Ele destaca a importância de se pensar em justiça climática e responsabilidade compartilhada na luta contra o aquecimento global.
Por fim, Carlos Magno reforça sua esperança de que, apesar dos desafios, seja possível viver de forma digna e sustentável no semiárido, desde que haja um olhar mais atento e justo para a região e seus habitantes.