Repórter São Paulo – SP – Brasil

“Oh! Rebuceteio”: o polêmico e criativo filme pornográfico da Boca do Lixo completa 40 anos em meio a novos contextos cinematográficos.

Há 40 anos, um dos lançamentos mais controversos e inovadores do cinema paulista da Boca do Lixo completou quatro décadas. Estamos falando do filme pornográfico “Oh! Rebuceteio”, que despertou atenção não apenas pela nudez, mas também pelas múltiplas cenas de sexo explícito, marcando presença em um novo contexto cinematográfico.

Dirigido e estrelado por Cláudio Cunha (1946-2015), o longa-metragem traz a história de um diretor de teatro que busca encenar uma peça ousada e desinibida. Este filme faz parte de um período no qual as produções com humor sexualizado, quase ingênuas, se radicalizaram, aproveitando a flexibilização da censura e da repressão política e moral.

O termo “Rebuceteio” é associado a uma prática da comunidade lésbica na qual as mulheres se relacionam com amigas e ex-parceiras de amigas. No contexto do filme, está ligado a sessões de sexo grupal entre homens e mulheres, também significando uma grande confusão.

A trama se desenrola principalmente em um teatro, o Procópio Ferreira, onde se passa grande parte da história. Cláudio Cunha interpreta o diretor Nenê Garcia, um indivíduo enlouquecido em busca da máxima espontaneidade dos atores. A protagonista, Letícia, é interpretada por Eleni Bandettini. A trilha sonora original é assinada por Zé Rodrix e Miguel Paiva.

Apesar do teor altamente pornográfico, “Oh! Rebuceteio” possui um caráter experimental e bem-humorado, abordando temas como metalinguagem, exposição sexual e conflitos familiares. O filme de Cunha pode ser considerado um dos melhores do gênero, comparável a obras como “Garganta Profunda”, “O Império dos Sentidos” e “Calígula”.

Ao longo de sua carreira, Cláudio Cunha dirigiu várias produções, como “O Clube dos Infiéis”, “Amada Amante”, “Sábado Alucinante” e “Vítimas do Prazer”, consagrando-se também no papel principal de “O Analista de Bagé”. Sua marca registrada é interpretar o mesmo personagem por mais tempo do que qualquer outro ator.

“Oh! Rebuceteio” representa uma mudança de paradigma e uma crise no cinema paulista, que, a partir de 1981, com “Coisas Eróticas” de Raffaele Rossi, embarcou no terreno do sexo explícito. O filme é uma celebração da liberdade criativa e da quebra de tabus, sendo resgatado em 2012 em uma mostra de filmes da Boca do Lixo no festival de Roterdã, na Holanda.

A obra será exibida em um evento especial no bar-museu Soberano, localizado na rua do Triunfo, 155, no próximo dia 11 às 20 horas, proporcionando aos interessados uma oportunidade de revisitar esse marco do cinema nacional.

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