O cenário revela uma realidade marcada por desigualdades e evidencia os desafios existentes no sistema educacional brasileiro. Carlos Eduardo Moreno, diretor de estatísticas do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), pontua que a diferença nos percentuais de acesso ao ensino superior entre alunos de escolas privadas e públicas aponta para questões estruturais que permeiam a educação no país.
Além disso, o estudo aponta que os egressos da rede federal de ensino também apresentam uma maior incidência de ingresso no ensino superior, com 58% dos alunos matriculados em cursos de graduação no ano subsequente à conclusão do ensino médio. No entanto, as escolas federais representam apenas 2,6% das matrículas no ensino médio em território nacional.
Jhonatan Almada, membro da Rede de Especialistas em Política Educativa da Unesco, ressalta que os dados refletem a baixa qualidade do ensino oferecido pela maioria das escolas públicas, tornando o acesso ao ensino superior um desafio a ser superado. A disparidade também é evidenciada em relação à questão racial, com índices mais baixos de ingresso no ensino superior entre jovens pardos, pretos e indígenas.
Ademais, a pesquisa revela que os desafios enfrentados pelos alunos das redes públicas vão além da qualidade do ensino, abrangendo questões como desalento e falta de perspectiva em relação à continuidade dos estudos. A implementação do novo ensino médio em algumas regiões do país pode ter contribuído para a redução do número de inscritos no Enem, apontando para a necessidade de políticas educacionais mais abrangentes e eficazes.