Repórter São Paulo – SP – Brasil

Desigualdade no acesso ao ensino superior: alunos de escola particular têm mais chances de ingressar em graduação do que os da rede pública

Segundo levantamento do Ministério da Educação, divulgado nesta quinta-feira (3), uma disparidade significativa foi observada no acesso ao ensino superior entre alunos que concluíram o ensino médio em escolas particulares e em redes públicas. De acordo com os dados do Censo do Ensino Superior, 59% dos jovens que saíram de escolas particulares em 2022 ingressaram em uma graduação no ano seguinte, enquanto apenas 21% dos estudantes provenientes de redes estaduais conseguiram o mesmo feito.

O cenário revela uma realidade marcada por desigualdades e evidencia os desafios existentes no sistema educacional brasileiro. Carlos Eduardo Moreno, diretor de estatísticas do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), pontua que a diferença nos percentuais de acesso ao ensino superior entre alunos de escolas privadas e públicas aponta para questões estruturais que permeiam a educação no país.

Além disso, o estudo aponta que os egressos da rede federal de ensino também apresentam uma maior incidência de ingresso no ensino superior, com 58% dos alunos matriculados em cursos de graduação no ano subsequente à conclusão do ensino médio. No entanto, as escolas federais representam apenas 2,6% das matrículas no ensino médio em território nacional.

Jhonatan Almada, membro da Rede de Especialistas em Política Educativa da Unesco, ressalta que os dados refletem a baixa qualidade do ensino oferecido pela maioria das escolas públicas, tornando o acesso ao ensino superior um desafio a ser superado. A disparidade também é evidenciada em relação à questão racial, com índices mais baixos de ingresso no ensino superior entre jovens pardos, pretos e indígenas.

Ademais, a pesquisa revela que os desafios enfrentados pelos alunos das redes públicas vão além da qualidade do ensino, abrangendo questões como desalento e falta de perspectiva em relação à continuidade dos estudos. A implementação do novo ensino médio em algumas regiões do país pode ter contribuído para a redução do número de inscritos no Enem, apontando para a necessidade de políticas educacionais mais abrangentes e eficazes.

Sair da versão mobile