Essa revisão positiva se deve, em parte, aos impactos das enchentes no Rio Grande do Sul, que, ao contrário do que se previa em junho, não tiveram um efeito duradouro sobre o PIB agregado. De acordo com o documento divulgado pelo Ipea, os indicadores conjunturais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as enchentes causaram apenas volatilidade no segundo trimestre, com quedas em maio seguidas de crescimento em junho.
Além disso, o bom desempenho do mercado de trabalho e as melhores condições de acesso ao crédito foram essenciais para impulsionar as vendas de bens e serviços às famílias ao longo de 2024, tornando-se o principal motor da economia, segundo o Ipea.
Após um ano decepcionante em 2023, a demanda por bens de capital também se destacou positivamente, impulsionando a recuperação da indústria de transformação. No entanto, mesmo com esse cenário positivo, alguns fatores apontam para um crescimento menos robusto no segundo semestre deste ano.
O Banco Central, por exemplo, iniciou um ciclo de aumento da taxa de juros em setembro, e o impulso fiscal do governo tende a ser menor. Além disso, a situação financeira das famílias tem sido impactada pela trajetória de índices de preços, principalmente no setor de serviços, tornando a projeção de inflação em 12 meses mais lenta do que o esperado. A expectativa é de uma leve aceleração da inflação nos próximos meses, embora ainda abaixo dos 4,6% observados em 2023.
Em resumo, apesar da revisão otimista nas projeções econômicas para o Brasil em 2024, alguns desafios e incertezas persistem, o que pode impactar o crescimento no segundo semestre do ano. O cenário econômico nacional continua sendo monitorado de perto pelos especialistas do Ipea e demais órgãos responsáveis pela análise e projeção da economia.