O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, alerta para os impactos negativos que as apostas estão causando no varejo. Segundo ele, a perda de vendas acarreta um custo maior do que o valor da própria venda, uma vez que os custos fixos dos estabelecimentos não são reduzidos proporcionalmente. Tavares ressalta que, se essa escalada de gastos com apostas continuar, o prejuízo anual pode chegar a R$ 117 bilhões.
O estudo da CNC se baseou nos dados do Balanço de Pagamentos do Banco Central para analisar os gastos das famílias com as bets. O levantamento aponta que a maioria dos gastos está relacionada às apostas em cassinos online, como o famoso Jogo do Tigrinho. Tavares destaca que, antes do crescimento dos cassinos online, os gastos com apostas giravam em torno de R$ 2 bilhões, mas com a popularização dos jogos virtuais, esse valor saltou para R$ 68 bilhões.
Além disso, a CNC identificou um perfil diferenciado de apostadores: os cassinos online atraem principalmente o público feminino, enquanto as apostas esportivas, em especial as de futebol, têm maior adesão por parte dos homens. A popularidade do Jogo do Tigrinho entre as mulheres é preocupante, pois pode levar a consequências sociais significativas, como a inadimplência e a dependência do jogo.
Diante desse cenário, a CNC defende a regulamentação dos cassinos físicos no Brasil, argumentando que esses estabelecimentos poderiam gerar empregos e renda no país, além de contribuir com a arrecadação de impostos. No entanto, a proibição dos cassinos reais no Brasil data de 1946 e ainda encontra resistência de entidades como a CNBB e a OMS, que alertam sobre os riscos do vício em jogos de azar para a saúde pública.