Ao longo de três décadas, Vasu realizou cerca de 20 mil autópsias, lidando com corpos que variavam de embriões a indivíduos com quase 100 anos. Sua atuação como a primeira patologista forense do estado de Kerala, na Índia, é considerada uma história incomum nessa região do país, onde o estigma cultural relacionado à morte faz com que as mulheres evitem crematórios.
Uma das experiências marcantes da carreira de Vasu aconteceu durante sua pós-graduação, em 1981, quando foi incumbida de examinar os restos mortais de um garoto encontrado debaixo d’água, vítima de um assassinato. Esse foi apenas o primeiro de muitos casos que a médica enfrentaria ao longo de sua trajetória, lidando com mortes provocadas por acidentes, crimes e desastres naturais.
Durante suas autópsias diárias, Vasu realizava exames externos e internos nos corpos, coletando amostras de tecido para análises mais aprofundadas. Além disso, a médica se deparou com situações extremas, como abortos clandestinos, suicídios coletivos e casos de assassinato planejados para parecerem acidentes.
Com o avanço da tecnologia ao longo dos anos, Vasu testemunhou melhorias significativas nos métodos de investigação forense, como a implementação de autópsias virtuais realizadas por meio de tomografias computadorizadas. Apesar de ter se aposentado em 2016, a médica continua contribuindo para a área através do ensino em uma faculdade de medicina, refletindo sobre as complexidades e desafios enfrentados ao longo de sua carreira.
Do trabalho exaustivo no necrotério às mudanças na abordagem das autópsias, a história de Shirley Vasu revela não apenas a dura realidade da morte e da violência, mas também o impacto profundo que essa profissão tem na vida e na visão de mundo daqueles que a exercem. Uma perspectiva humilde e dedicada é o legado deixado por essa renomada patologista forense na Índia.