Durante mais de uma hora de transmissão, Marçal adotou um tom de intimidade e cumplicidade com os pastores, usando expressões evangélicas e pedindo que eles entrassem em aliança com ele. Essa estratégia busca mostrar identificação com o público cristão, utilizando expressões como “Senti no meu coração” e “Deus falou ao meu coração”, que funcionam como “códigos de autenticidade” para ganhar a confiança desse segmento.
Além disso, o candidato mencionou o início de um jejum de sete dias, buscando uma conexão com eventos bíblicos importantes. Ele também fez paralelos com figuras bíblicas como o rei Davi e José do Egito, buscando justificar a oposição que enfrenta de líderes evangélicos e apresentar sua candidatura como um chamado divino.
No entanto, as mudanças na campanha eleitoral podem ser observadas desde o início, com a necessidade de disputar diretamente o segmento evangélico devido à reação de líderes como Silas Malafaia e Bolsonaro. A live também foi uma tentativa de reforçar o apoio dos evangélicos, mesmo sem o respaldo das grandes igrejas.
O aumento da rejeição a Marçal também pode ter influenciado a convocação dos pastores para a transmissão ao vivo, com o candidato se apresentando como perseguido por ser cristão. Essa estratégia de expor a fé como diferencial na campanha eleitoral pode fidelizar parte do eleitorado evangélico, mas também afastar outros, incluindo os mais moderados.
Se chegar ao segundo turno, Marçal enfrentará o desafio de lidar com a rejeição daqueles que não concordam com a mistura entre religião e política com tom messiânico e persecutório. A candidatura de Pablo Marçal destaca os dilemas enfrentados por candidatos que utilizam a fé como parte de sua estratégia eleitoral, mostrando as complexidades dessas abordagens e suas consequências.