O montante total das apostas realizadas pela população em geral durante o período foi de R$ 20,8 bilhões, sendo que esse cálculo é considerado subestimado, pois inclui apenas os valores pagos via Pix, deixando de fora as apostas feitas por cartão de crédito e TED. Esses números revelam um cenário preocupante, onde parte significativa dos recursos destinados às camadas mais vulneráveis da sociedade está sendo direcionada para o jogo.
A transformação da palavra “aposta” para “bet”, do inglês, pode parecer apenas uma questão de estética linguística, mas traz consigo um certo glamour e afasta as conotações negativas associadas à palavra anterior. No imaginário coletivo, “aposta” carrega significados ligados à compulsão autodestrutiva e à ruína, enquanto “bet” representa uma vibração positiva e moderna.
A origem incerta da palavra “bet”, que tem suas raízes no século 16, sugere uma ligação com instigar, atiçar e levar a morder, e até mesmo com a ideia de isca. Desde os pequenos crimes do submundo até os bilionários negócios do século 21, as apostas evoluíram, ganharam escala global e desafiaram as regulações estatais.
No cenário atual, marcado pela transformação digital e pela falta de regulamentação, as apostas online se tornaram um fenômeno que desafia as autoridades e seduz uma parcela significativa da população. O Bolsa Família, um programa social histórico que contribuiu para reduzir a desigualdade no país, agora é alvo de críticas e escândalos envolvendo o uso inadequado dos recursos públicos em apostas.
Em meio a todas essas questões, a sociedade se vê diante de um novo paradigma, no qual o crime parece compensar e as consequências negativas do jogo online são evidenciadas. Resta saber como as autoridades e a sociedade em geral irão lidar com esse desafio e buscar maneiras de proteger os mais vulneráveis dos malefícios do vício em apostas.