Discurso de Lula na ONU revela contradições em relação à equidade de gênero: faça o que eu digo, não o que eu faço.

Em um discurso proferido na ONU, o ex-presidente Lula trouxe à tona questões controversas sobre a representatividade feminina em seu governo e em cargos de liderança. Em uma fala que poderia ser resumida como “faça o que eu digo, não o que eu faço”, Lula cobrou ações da organização para promover o equilíbrio de gênero, ao mesmo tempo em que seu histórico de nomeações e substituições de mulheres em cargos de destaque revela uma realidade diferente.

Durante sua gestão no governo, Lula tinha apenas 30,8% de mulheres em cargos de liderança no início de seu primeiro mandato, um número que aumentou para 38,4% ao final de seu terceiro mandato, mas ainda abaixo do ideal. Além disso, das 38 posições de ministros, apenas 10 são ocupadas por mulheres, um cenário semelhante ao governo de Dilma Rousseff.

As críticas não param por aí. A substituição de mulheres em cargos importantes por homens, como nos casos de Ana Moser, Daniela Carneiro e Rita Serrano, levantam questionamentos sobre a real preocupação de Lula com a equidade de gênero. Mesmo em nomeações para o Supremo, como Cristiano Zanin no lugar de Lewandowski, a falta de representatividade feminina continua sendo uma questão em aberto.

Diante disso, Lula é pressionado a transformar o discurso de palanque em ações concretas em relação à igualdade de gênero. Cobrar da ONU enquanto falha em promover essa equidade em seu próprio governo pode ser visto como contraditório e levanta questionamentos sobre a real intenção do ex-presidente em relação à causa feminista. É preciso agir localmente para poder cobrar globalmente, e o histórico de Lula em relação à representatividade feminina indica que há um longo caminho a ser percorrido.

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