Repórter São Paulo – SP – Brasil

Conflitos entre governo de Mauro Mendes e povos indígenas se agravam com incêndios no Mato Grosso e novas leis ambientais.

Os incêndios florestais que assolam o estado do Mato Grosso têm intensificado os conflitos entre o governo de Mauro Mendes, representante do partido União Brasil, e as comunidades indígenas locais. Além das disputas em relação à responsabilidade pelas queimadas, as partes têm se confrontado devido à recente sanção de uma lei estadual que permite a atividade pecuária em áreas de preservação do pantanal e à construção da Ferrogrão.

Em uma entrevista concedida à Rádio Bandeirantes no dia 12, o governador afirmou que há “um percentual alto das queimadas” ocorrendo nas reservas indígenas, porém sem citar dados concretos. Ele declarou que os casos estão sendo investigados e apontou as reservas indígenas como potenciais responsáveis pelos incêndios.

Já em uma entrevista posterior à TV Bandeirantes, Mendes contestou os dados do Ministério do Meio Ambiente sobre as queimadas. Em julho, a ministra Marina Silva informou que 85% dos incêndios no pantanal ocorreram em propriedades privadas.

Diante das acusações de responsabilidade pelas queimadas, o governador negou que os proprietários rurais tenham envolvimento nos incêndios e sugeriu a existência de uma “ação política” por trás dos incêndios criminosos, sem especificar os possíveis suspeitos.

No entanto, os povos indígenas de 44 etnias divulgaram uma nota repudiando as declarações de Mendes e criticando a falta de assistência às comunidades indígenas, especialmente em relação à crise de acesso à água potável e questões de saúde decorrentes da fumaça e da poluição causadas pelos incêndios.

Em meio a essas divergências, o governador foi notificado pelo Ministério Público Federal em julho para prestar esclarecimentos sobre possíveis declarações discriminatórias contra indígenas da etnia boe bororo. Mendes foi acusado de desrespeitar a cultura e os direitos dos povos indígenas em relação a um projeto de construção de uma ferrovia que afetaria a comunidade da Terra Indígena Tadarimana.

Apesar das polêmicas e dos conflitos em curso, Mendes segue defendendo a construção da Ferrogrão e atacando ambientalistas contrários ao projeto, que consideram a obra controversa. A continuidade da ferrovia está atualmente pendente de uma decisão do Supremo Tribunal Federal.

Outro ponto de atrito entre o governo e as comunidades indígenas é a lei que libera atividades pecuárias em áreas de preservação permanente do pantanal. Ambientalistas criticam a medida, apontando o risco de devastação de áreas importantes para a conservação do bioma.

Diante dessas tensões e desentendimentos, as comunidades indígenas continuam lutando por seus direitos e pela preservação de seus territórios, enquanto o governo busca conciliar os interesses econômicos e ambientais em meio a um cenário de incerteza e disputas. A busca por soluções sustentáveis e respeitosas com o meio ambiente e as comunidades locais se apresenta como um desafio crucial para o futuro do estado do Mato Grosso.

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