Repórter São Paulo – SP – Brasil

Seca extrema no Solimões: comunidade indígena de Tefé enfrenta desafios com sumiço do rio e impactos na pesca de peixes lisos.

Na região de Tefé, no estado do Amazonas, os moradores da Terra Indígena Porto Praia de Baixo estão enfrentando desafios extremos devido à seca intensa que assola a região. Onisson Gonçalves, indígena kokama de 32 anos, conhecido por sua habilidade como pescador de peixes lisos no rio Solimões, viu sua sorte mudar drasticamente nos últimos anos.

Antes considerado um dos melhores pescadores da região, Onisson viu sua atividade principal ser prejudicada pelas secas extremas de 2023 e 2024. O trecho do Rio Solimões em frente a Porto Praia transformou-se em um deserto, impactando não só a pesca, mas toda a subsistência das mais de cem famílias que habitam o território.

A situação se agravou em 2024, forçando os indígenas a venderem seus materiais de pesca e buscar alternativas para sobreviver. Onisson, por exemplo, precisou recorrer a um material emprestado para continuar sua atividade de pesca. A comunidade tradicional, composta por indígenas kokamas, tikunas e mayorunas, viu sua rotina e modo de vida serem drasticamente impactados pela seca e escassez de recursos naturais.

A paisagem árida e desértica que se apresenta em um dos principais rios da Amazônia reflete não apenas a crise climática em curso, mas também os efeitos devastadores para as comunidades locais. A redução dos peixes, a falta de repiquetes e a escassez de água para navegação são alguns dos desafios enfrentados pelos moradores de Porto Praia.

Mesmo com as adversidades, os indígenas da região persistem na pesca em cursos d’água ainda alcançáveis e buscam formas de compensar a perda de renda, seja através do artesanato, da agricultura familiar ou do recebimento do Bolsa Família. A incerteza em relação ao futuro da Terra Indígena Porto Praia de Baixo, ainda sem demarcação, paira sobre a comunidade, que teme as consequências a longo prazo das mudanças climáticas na região.

Diante de um cenário desolador, a solidariedade e a resiliência das comunidades tradicionais da Amazônia são postas à prova, enquanto buscam sobreviver e se adaptar às condições adversas impostas pela seca extrema. A história de Onisson e de tantos outros indígenas na região de Tefé é um reflexo das graves consequências que as mudanças climáticas vêm impondo à maior floresta tropical do mundo.

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