Repórter São Paulo – SP – Brasil

Fogo e fuligem: incêndios devastam São Paulo, deixando rastro de destruição e desafios para o futuro.

Na tarde de 23 de agosto, os moradores de São Paulo foram surpreendidos por uma situação alarmante: o céu avermelhado e a fuligem caindo em suas varandas. A cidade estava sofrendo os efeitos de cerca de 2.600 focos de incêndios que se espalharam quase simultaneamente pelo estado de São Paulo.

A cerca de 250 km da capital, o produtor rural Eduardo Sampaio, de 55 anos, estava enfrentando o fogo de perto em sua propriedade em Mococa (SP). As chamas estavam a apenas 70 metros de sua propriedade, tendo como única barreira o leito do rio Pardo.

No dia seguinte, as fagulhas impulsionadas pelo vento conseguiram ultrapassar o rio, atingindo a palha seca da cana-de-açúcar que já tinha sido colhida. Em questão de horas, quase todos os 2.500 hectares da fazenda estavam em chamas, resultando na perda das plantações de cana, soja e sorgo, assim como de espécies nativas da região de encontro entre o cerrado e a mata atlântica.

Infelizmente, dois cavalos e cinco vacas foram vítimas fatais do incêndio, enquanto diversas carcaças de animais podem ser encontradas pela propriedade. Apesar da devastação, Sampaio e outras pessoas envolvidas na operação conseguiram salvar 400 vacas, que agora estão confinadas e em condições precárias devido à falta de pasto.

O incêndio em Mococa destruiu cerca de 100 mil hectares de área rural, impactando não só os produtores locais, mas também o ecossistema da região. Sem respostas claras sobre as causas dos incêndios, a cidade aguarda por uma trégua no fogo e por apoio dos governos estadual e federal para se recuperar e prevenir futuras catástrofes.

O produtor rural aponta o excesso de palha proveniente da colheita mecânica da cana-de-açúcar como um dos motivos para a propagação das chamas. Com as mudanças nas práticas de colheita e o avanço da tecnologia, o acúmulo de palha se tornou um problema, aumentando os riscos de incêndios em períodos de estiagem.

É crucial que as autoridades e instituições de pesquisa se envolvam no desenvolvimento de soluções para prevenir e combater incêndios, especialmente considerando a tendência de secas mais severas e frequentes devido às mudanças climáticas. A recuperação das áreas afetadas também será um desafio, principalmente no que diz respeito à regeneração da vegetação nativa.

A propriedade de Eduardo Sampaio, que possuía mata nativa preservada há décadas, agora enfrenta um longo caminho de recuperação. Será necessário apoio e orientação para entender como reflorestar adequadamente e lidar com os impactos do incêndio a longo prazo. A situação em Mococa serve como alerta para a necessidade de medidas preventivas e de preservação ambiental para proteger as áreas rurais e a biodiversidade.

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