Juros futuros disparam e dólar volta a R$ 5,50 em meio a preocupações com cenário fiscal e nota de sindicato do IBGE

Nesta sexta-feira (20), os juros futuros continuaram subindo de forma expressiva, mantendo o ímpeto de alta após o movimento observado na quinta-feira (19). O aumento das taxas foi impulsionado, em grande parte, por ajustes técnicos relacionados à zeragem de posições aplicadas por investidores estrangeiros. Esse fenômeno, aliado à retomada do dólar acima de R$ 5,50, contribuiu para a disparada das taxas mais longas, evidenciando a preocupação do mercado com o cenário fiscal.

Além disso, a apreensão em relação ao cenário fiscal se intensificou diante da proximidade da divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, que era aguardado para o mesmo dia. A conjuntura internacional também não colaborou para acalmar os ânimos dos investidores. Para complicar ainda mais o cenário, o sindicato dos servidores do IBGE emitiu uma nota denunciando um suposto comportamento autoritário por parte do presidente do instituto, Marcio Pochmann.

No fechamento do dia, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026, janeiro de 2027 e janeiro de 2029 registraram aumento em relação ao pregão anterior. Esse movimento de alta ao longo da semana resultou em um acúmulo significativo nas taxas, sobretudo nas longas, o que gerou um ganho de inclinação na curva.

O destaque da sexta-feira foi para os vencimentos mais longos dos DIs, que chegaram a abrir mais de 30 pontos no início da tarde, evidenciando um pico no movimento de stop loss. O trecho longo despertou grande interesse dos investidores não residentes, com um volume de contratos acima da média diária padrão. A análise de João Mauricio Rosal, economista-chefe da Terra Investimentos, aponta o fluxo de capital estrangeiro como o principal motivador desse ajuste.

A divulgação do relatório bimestral também contribuiu para a cautela dos investidores. Diante das dificuldades do governo em equilibrar receitas e despesas, a expectativa era de um novo contingenciamento de recursos. Especulações sobre a possibilidade de mais gastos serem excluídos da meta fiscal também geraram preocupações.

O comportamento do dólar, que encerrou o dia acima de R$ 5,50 após uma sequência de quedas, intensificou o estresse na curva de juros. Além disso, a divulgação da nota do sindicato dos servidores do IBGE, denunciando medidas autoritárias do presidente Marcio Pochmann, também contribuiu para a tensão no mercado financeiro. As preocupações com possíveis ingerências no principal órgão de estatísticas públicas do país adicionaram mais um elemento de incerteza ao cenário econômico brasileiro.

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